Valdemar Jr. de volta à Câmara: um embaixador em missão

Ninguém que cobre a área política em Palmas acreditou que Valdemar Jr. voltará à Câmara por 30 dias para fazer a divulgação dos cinco meses da gestão. Há mais coisas no ar que aviões de carreira...

Vereador Valdemar Jr.
Descrição: Vereador Valdemar Jr. Crédito: Lourenço Bonifácio

 

As mudanças anunciadas nesta segunda-feira, 3, em coletiva à imprensa pelo prefeito Carlos Amastha não são estruturais na equipe que compõe a gestão do pepista, mas trazem alguns indicadores de que algumas coisas estão mudando na Prefeitura de Palmas.

 

Sai Walter Balestra da Saúde -  oficialmente por 60 dias, em férias -  e entra interinamente o ex-ministro Borges da Silveira. A explicação oficial é de que Balestra tem férias atrasadas dos últimos 7 anos, e que o PC do B tem problemas internos que precisam ser contornados a tempo de participar de forma decisiva do processo eleitoral do ano que vem.

 

Na prática, o prefeito toma posse de mais uma secretaria com alguém de sua convivência e extrema confiança. Forma assim o quadripé da sua gestão com Marcílio, o Super Secretário, Andrino no governo, Adir no Planejamento e agora Borges na Saúde.

 

O próprio Balestra admitiu que pode não voltar em 60 dias.

 

Mas vamos adiante.

 

A grande e intrigante mexida foi o retorno de Valdemar Jr. à Câmara Municipal. Inicialmente seria por 10 dias, mas na hora do anúncio oficial ficou definido: um mês.

 

A grande pergunta que os profissionais da cobertura política fizeram foi: por quê? O que está acontecendo na Câmara que requisite a presença de Valdemar?

 

A explicação de que ele será um porta-voz do que a gestão fez nestes cinco meses não convenceu ninguém. Ele insistiu diante do ceticismo da pergunta do repórter Eduardo Azevedo do JTO que queria outra explicação: "só existe esta versão".

 

Não é verdade.

 

Valdemar Jr é o grande achado de Amastha na Câmara. Foi ele quem encontrou uma maneira de convencer os seus pares, ainda na legislatura passada a autorizarem os 50% de remanejamento do Orçamento 2013. E costurou o acordo.

 

Sobre a afinidade dos dois, Amastha foi revelador: “Começamos a flertar ainda nas eleições e não havia motivo para que não ficássemos juntos. Não abro mão dele na equipe”.  Liso, Valdemar Jr. desconversou quando questionado sobre como foi o começo da aproximação ainda em campanha: “flertar não quer dizer namorar”, brincou com as palavras.

 

O fato é que Amastha elegeu três vereadores sem nenhuma experiência administrativa ou traquejo político. Ele próprio se encarregou de escalar na oposição - por exclusão - seu mais ferrenho desafeto na Câmara: Lúcio Campelo. Com uma teia de contatos dentro da prefeitura, é ele quem descobre o que pode ser usado para questionar os atos da atual gestão. E tem sabido explorar tudo que o Diário Oficial revela de duvidoso ou questionável, como as adesões a atas de preço.

 

A base do prefeito é composta pelos três que elegeu, dos quais o mais aguerrido - Major Negreiros -  virou presidente e tem suas limitações na defesa da gestão. E foi “engordada”por 13 adesistas. Dos que ficaram no parlamento, o mais experiente era José do lago Folha Filho, licenciado por motivos de saúde.

 

É justamente ele que será substituído na função de vice-lider por 30 dias pelo secretario Valdemar Jr. Que não terá substituto nem interino. O que significa que continuará decidindo enquanto Evercino, seu secretario executivo, executa. 

 

No frigir dos ovos o que deu para entender para quem é do meio da política é que a oposição mesmo pequena está incomodando, pautando as sessões da Câmara e a repercussão na imprensa.

 

O próprio líder do prefeito Joel Borges admitiu após a coletiva numa conversa comigo que tribuna não é o que ele mais valoriza no seu trabalho de articulação política.

 

Já Valdemar Jr. é orador de primeira. Veterano em segundo mandato na Casa. Radialista. E o principal: é Amastha de corpo, alma e coração. Quando perguntei se ele estava indo de volta à Câmara por que falta paixão à defesa da gestão de Amastha por parte de sua base ele desconversou: “pelo contrário, sobra paixão, por isso estou me juntando a eles”.

 

Mas a verdade é que ao entrar no sexto mês de  gestão, o prefeito Carlos Amastha amadureceu no sentido de reconhecer a importância de ter uma boa relação com a Câmara. Mesmo com a base, ainda não há a harmonia desejada.

 

Valdemar Jr. fala a língua dos vereadores e agora, fala também a do prefeito. Volta à Câmara nesta terça-feira para ser a ponte, o embaixador, o solucionador de crises.

 

E não se iludam: volta também para dar resposta aos argumentos da oposição e impor a agenda da gestão ao Parlamento. Quem viver verá se consegue tudo isto antes do recesso chegar.

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