Nascido com o intuito de documentar a história de vida, pontuada pela violência, dos moradores da região localizada no extremo norte do Estado na época da ditadura militar, a escritora Yanna Barbosa lançou na manhã desta segunda-feira, 22, no Café Literário no Salão do Livro a obra, ‘Lurdinha pelos Caminhos do Bico do Papagaio’.
O livro, que engrossa a lista dos mais de 100 títulos tocantinenses que serão lançados durante o Salão, é um retrato, contado através das palavras da própria Lurdinha em entrevistas concedidas à autora, da batalha travada pela ex-freira na luta pelo direito a terra, evangelização do povo da região e sobre o processo de criação do Partido dos Trabalhadores no Tocantins, tudo isso perpassando ainda a morte de Padre Josimo, mártir da luta pela reforma agrária.
“Este livro narra os anos de opressão, repressão, da luta pelos direitos humanos, da luta pelo direito a terra, a vida. O lançamento deste livro não é o fim dessa luta, mas faz parte dela, da tentativa de manter essa história viva”, disse a autora.
Para a protagonista dos fatos, que dá nome a obra, a ex-freira Lurdinha, durante o processo de compilação de informações para o livro, Yanna atuou como uma investigadora que conseguiu traduzir em palavras os acontecimentos de uma época difícil, mas importante, na história do Tocantins.
“Fiquei surpresa quando descobri que minha história de vida seria tema de um livro. Sei que vivi coisas importantes que merecem ser contadas, compartilhadas e Yanna conseguiu fazer isso muito bem. Durante o processo de criação do livro, ela foi quase uma policial, indo a fundo nas histórias daquele tempo, revivendo acontecimentos de anos atrás. Ela conseguiu transportar para este livro a luta de muitas pessoas, luta essa que derramou tanto sangue do nosso povo”, falou Lurdinha.
Para posteridade
Irmã Bia, missionária francesa que vive no Bico do Papagaio há 40 anos, e que desempenha um papel fundamental na história da região, acredita que com o lançamento do livro, a juventude do Tocantins, tão distante dos fatos que representam a construção do processo político do estado, serão os mais beneficiados.
“Sei que vivemos um momento político diferente hoje, mas o que já passou, a memória de acontecimentos precisa ser eternizada, por mais triste que seja. Fomos resistentes, chegamos até aqui e hoje estamos imortalizando esse momento, tudo pelo que lutamos será agora de conhecimento público e principalmente, vai chegar até os nossos jovens que precisam conhecer este trecho da história do nosso Tocantins", argumentou a francesa.
O lançamento contou com a presença da quebradeira de coco e líder sindical, Dona Raimunda, do documentarista e jornalista Marcelo Silva, de importantes personagens da história contada no livro, escritores tocantinenses e lideranças petistas.
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