Zé Roberto sai de cena e abre a porta do entendimento para Amastha

O super secretário entrega o cargo, marca data para sair e tenta emplacar o sucessor, mas sua retirada de cena abre a porta do entendimento para Amastha e seus procuradores, entre outras coisas...

José Roberto ao tomar posse
Descrição: José Roberto ao tomar posse Crédito: T1 Notícias

 

 

Amigos, os bastidores da saída do secretario mor de Assuntos Jurídicos, José Roberto Torres Gomes, falam muito sobre o que pode ser uma bela virada de página na gestão do prefeito Carlos Amastha, do PP.

 

É que até a entrega do cargo ontem, na reunião do secretariado, sem combinar previamente com o prefeito, o secretario quis se mostrar maior que a gestão que ainda integra (pediu para fechar o mês). Mas não é.

 

José Roberto, que alegou estar saindo para voltar ao TCE onde quer ser Procurador de Contas - e já conta com uma super mega força extra do presidente Wagner Praxedes, seu amigo particular – na verdade trombou de frente mesmo foi com... o prefeito Amastha.

 

Tudo teria desandado de vez depois que o secretário mor criou dificuldades para fazer o que todos os chefes de pasta tiveram que cumprir: o corte em 50% dos seus cargos comissionados.

 

A determinação foi feita ao Conselho Gestor por ordem de Amastha, e executada pelo secretário de Finanças Cláudio Schuller, que oficiou os secretários. Zé Roberto se recusou. Disse que não faria. Ou ficava com sua equipe, ou ia embora.

 

O prefeito, como se sabe, mesmo com toda a amizade que nutre pelo irmão do secretário, deputado Eduardo Gomes, não aceita contra ordem às suas. E teria devolvido um “pois pode ir embora”.

 

Resultado: na sexta-feira passada Zé Roberto entregou sua lista de cortes e ontem pediu para abrir a reunião do secretariado entregando o cargo. Ao seu estilo, claro: afirmando estar saindo para disputar a eleição no TCE. E colocando o prazo que quer para terminar de organizar a casa.

 

O fim da aberração jurídica?

 

Pois bem, como se sabe a criação dessa pasta ocorreu com o simples objetivo de acomodar o secretário, que havia sido indicado para Procurador Geral do Município, mas não podia, afinal não tem inscrição na OAB, prerrogativa indispensável para comandar a Procuradoria.

 

A saída de Zé Roberto – que hipersensível a críticas e desabituado a ter seus atos públicos questionados processa quem quer que ameace sua imagem/auto imagem, inclusive o presidente da Ordem – acabará abrindo duas chances a Amastha: acabar com a aberração de subordinar a Procuradoria à secretaria de Assuntos Jurídicos e futuramente até extinguí-la.

 

Se a Procuradoria funcionar bem, a pasta não fará a menor falta. E sua extinção terminará gerando mais economia.

 

Reabrindo o diálogo

 

A saída do secretario de Assuntos Jurídicos -  que vinha reduzindo o procurador Públio Borges a um papel acessório e no exercício de seu humor ácido, submetendo-o a situações de constrangimento – pode também inaugurar uma fase de maior diálogo entre o prefeito e o seu corpo de advogados: os procuradores.

 

Explico: desde o início da gestão, o secretario faz uma campanha maniqueísta para convencer o prefeito que da turma antiga “ninguém presta”. Uma coisa absurda, que vai além dos limites razoáveis na gestão pública. Não é exagero dizer que Zé Roberto jogou o prefeito contra os procuradores e vice-versa. Para ele só se salvam os cinco do primeiro concurso. Basta ouvir os comentários que rolam soltos nos bastidores.

 

É como se o grupo de analistas jurídicos -  concursados, não canso de dizer -  enquadrados como Procuradores com a lei de criação da Procuradoria, fosse contra todas as boas práticas na gestão pública. Foram vendidos ao prefeito como “sementes ruins” que ficaram do tempo de Raul e Antonio Luiz. E na verdade são servidores públicos, que entraram na prefeitura lá atrás, vieram evoluindo na carreira, para chegar onde estão hoje.

 

Se quiser questionar o vínculo, a gestão pode, evidente. Mas transformá-los em inimigos, tem sido até aqui a coisa mais anti-producente que aconteceu neste primeiro ano de gestão Amastha. E esta o prefeito de fato pode agradecer a Zé Roberto.

 

Públio fica

 

Mais profissional e sem traços de arrogância ao lidar com as pessoas, o Procurador Geral do Município, Públio Borges é quem deve ficar e fortalecido, abrir as portas para o diálogo. Nos últimos meses criou uma relação de confiança com o prefeito, que valoriza seu trabalho. Já o secretário que sai, durante todos estes meses fez questão de deixar o procurador à sua sombra.

 

Dois episódios para mostrar que nem aumento, nem invento.

 

1 – A Procuradoria funciona em outro andar, diferente da secretaria. Ao invés de permitir que o Procurador Geral ficasse junto com os procuradores, Zé Roberto insistiu em manter Públio numa saleta ao lado da sua: subordinado e isolado. Contrariou até o prefeito que queria tudo junto: Procuradoria e Procurador.

 

2 -  Numa reunião de secretariado, o Procurador se manifestou sobre o tema na pauta. Sua opinião contrariava a do secretario, que o interrompeu: “não é hora do segundo escalão falar”, disse Zé Roberto. Ao que o prefeito emendou: “pode continuar meu Procurador”.

 

Pois é. A impressão que fica é que o titular da pasta dos Assuntos Jurídicos se julgou maior que os outros secretários e imaginou poder fazer o que quisesse, inclusive ignorar as ordens de redução de pessoal, igual para todos.

 

Imaginem Marcílio Ávila, responsável por manter a cidade bonita e em ordem como tem feito nos últimos meses, ser obrigado a cortar novamente não só seus comissionados, como os terceirizados. Foi o que aconteceu: e ele fez.

 

Agora, que o secretário mor já solta nos bastidores que a gestão é desorganizada, faz cortes sem planejamento e que o prefeito entrega suas decisões a outros, não dá para antever o que vem por aí.

 

Afinal quem duvida que os piores inimigos são os ex-amigos?

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