Eduardo nega ter recebido dinheiro da Odebrecht; Mário Amaro confirma entrega

A nota veio após divulgação do vídeo da delação de Mário Amaro, no qual ele afirma ter feito as entregas dos valores dos outros municípios para os prefeitos

Deputado estadual Eduardo Siqueira Campos
Descrição: Deputado estadual Eduardo Siqueira Campos Crédito: Foto: Dicom AL

Por meio de nota encaminhada à imprensa na noite desta segunda-feira, 17, o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM) se manifestou sobre seu envolvimento com executivos da Odebrecht e afirmou que foi apenas um intermediador entre a empreiteira e seu grupo político.

 

A nota veio após divulgação do vídeo da delação do ex-diretor superintendente da Odebrecht/Saneatins, Mário Amaro, no qual ele afirma ter feito as entregas dos valores dos outros municípios para os prefeitos, mas que em Palmas foi pedido e entregue a Eduardo Siqueira. Amaro explicou em depoimento: “ele [Eduardo] falou assim para mim: veja bem, essa [dinheiro] do Marcelo Lelis nós estamos com bastante pressa e você pode fazer essa contribuição diretamente comigo, e os demais, por favor, procure os candidatos”, aponta o delator.

 

Em delação, Amaro afirmou ainda que Eduardo teria articulado R$ 650 mil para serem destinados às eleições para prefeitos em 2012 para viabilizar as campanhas de Marcelo Lelis (PV), Ronaldo Dimas (PR), Laurez Moreira (PSB), Eronides Teixeira (PSDB) e Zeila Ribeiro. Em nota, a assessoria de Eduardo afirmou que o dinheiro foi entregue aos candidatos. “Após tomar conhecimento de todos os trechos dos depoimentos dos executivos da Odebrecht, pode-se concluir que, referente às eleições de 2012, o deputado Eduardo Siqueira Campos apenas  cumpriu seu papel de articulador político do Governo ao buscar apoio aos candidatos apoiados por seu grupo político”, afirmou sua assessoria.

 

Na nota, a assessoria de Eduardo ainda explica que “no depoimento, fica comprovado que o deputado Eduardo Siqueira apenas indicou os candidatos apoiados à empresa, solicitando que ela procurasse diretamente os mesmos. Cabe ressaltar que em 2012 a legislação eleitoral permitia a doação de campanha por parte de empresas. Cabia somente à empresa definir a forma como seria feita a contribuição e ela foi feita diretamente aos candidatos”.

 

O deputado também excluiu seu pai, o ex-governador José Wilson Siqueira Campos, de qualquer envolvimento. “Ficou comprovado que os executivos nunca se encontraram com o ex-governador Siqueira Campos e que qualquer menção ao nome dele é indevida, injusta e inverídica”, destacou.

 

Deputado aponta divergências

Ainda por meio da nota, a assessoria de Eduardo Siqueira alegou haver divergências no depoimento de Amaro, e negou que o deputado tenha ido a São Paulo pedir aporte financeiro para a candidata a prefeita Zélia Ribeiro, esposa do ex-deputado Paulo Roberto.

 

“Existem apenas algumas pequenas divergências, já que o deputado jamais foi a São Paulo, assim como não pediu recursos para a campanha da candidata a prefeita, Zélia Ribeiro, esposa do ex-deputado Paulo Roberto. Não tendo sido candidato ao governo, de acordo com o outro depoente Fernando Cunha Reis, os valores foram transferidos ao novo candidato. A expressão ‘canário’ referia-se, portanto,  a ‘candidato’ a governador, tanto que logo em seguida denominaram o ‘novo canário’, o novo candidato,  quem de fato disputou o cargo de Governador. Nenhuma conduta do deputado contrariou a legislação eleitoral e será indubitavelmente arquivada”, relatou.

 

Sem período eleitoral não há caixa 2

Sobre as eleições de 2014, a assessoria do deputado Eduardo Siqueira Campos confirmou que ele recebeu Mário Amaro em casa e declarou que ele apenas realizou análise do cenário político eleitoral e que ainda não estava em período eleitoral, o que não configuraria Caixa 2.

 

“Como ficou claro no depoimento, ele já não mais integrava o governo e estudava apenas a viabilidade de uma possível candidatura e optou por realizar pesquisas para análise de cenário político eleitoral, que foram pagos diretamente a agência de publicidade e propaganda em São Paulo. Como não estávamos ainda no dito período eleitoral, não há que se falar em caixa 2, uma vez que o calendário eleitoral só se iniciaria, para fins de prestação de contas de campanha das despesas  realizadas, após a abertura do comitê financeiro em 5 de julho. Finalmente, o deputado concorda que o depoente Mário Amaro foi verdadeiro em suas palavras, que realmente o recebeu em sua residência, de acordo com o depoente, até porque jamais o faria em repartições públicas”, explicou.

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