Estudos iniciais apontam que CoronaVac pode apresentar vantagem contra variantes

A CoronaVac possivelmente terá sua eficácia menos afetada por variantes, embora pesquisas ainda precisem ser concluídas para determinar esse impacto

Vacina contra Covid-19: CoronaVac
Descrição: Vacina contra Covid-19: CoronaVac Crédito: André Araújo/ Governo do Tocantins

A CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria do Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac, pode apresentar uma vantagem importante contra as variantes do Coronavírus, detectadas na África do Sul (501.V2) e em Manaus (P.1).



Pesquisas preliminares acenderam um sinal de alerta para a eficácia das vacinas contra essas novas formas do coronavírus. A África do Sul chegou a suspender o início da vacinação com Oxford-AstraZeneca depois de um estudo preliminar da Universidade de Witwatersand, em Joanesburgo, apontar que a vacina oferece "proteção mínima" contra casos leves e moderados causados pela variante que predomina no país.



O Instituto Butantã aponta que a CoronaVac tem sua eficácia menos comprometida pela mutação que gerou variantes do Coronavírus, embora tenha apresentado uma redução de 50,38% na redução dos sintomas da Covid-19. Para casos graves da doença, a mortalidade foi nula dentre os participantes dos estudos que compuseram o desenvolvimento desta vacina.



A CoronaVac contém o vírus inteiro (Sars-CoV-2) inativado em sua composição, uma estratégia imunológica distinta das demais vacinas, que se baseiam em genes da Spike do Coronavírus (proteína pela qual o Sars-CoV-2 se liga às células humanas). Essa distinção na composição foi a aposta da Sinovac para desenvolver um imunizante efetivo para o Coronavírus.



Ainda em agosto de 2020, Yin Weidong, CEO da Sinovac, afirmou em entrevista à emissora chinesa CGTN, que o antídoto ainda em desenvolvimento na época seria efetivo contra diferentes cepas do patógeno que provoca a covid-19.



“Ficamos muito otimistas depois de ver que o tipo de soro do vírus da covid-19 não mudou. Nossa vacina pode neutralizar todas as cepas do vírus em nível global. Prevemos que terá um efeito protetor no mundo", disse Yin Weidong à CGTN.



Estudos em andamento


Em entrevista à BBC News Brasil, a microbiologista e professora titular da UFMG Ana Paula Fernandes afirmou que "as vacinas que podem perder o maior nível de eficácia são as focadas numa única porção da proteína spike, que é onde o vírus está mutando. Porque você tem um repertório menor de outros mecanismos para socorrer o seu organismo, já que sua resposta vai estar focada naquela região da molécula onde o anticorpo encaixa".



O virologista e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/FioCruz), Felipe Naveca, participante do primeiro sequenciamento da variante de Manaus, relatou em entrevista à BBC News Brasil: "O que apareceu nesses dados preliminares é que você teve uma queda no percentual de pessoas que não tiveram nenhum sintoma. Mas não teve aumento no percentual de casos graves”.

 

Felipe completa: "Se a vacina continua protegendo para as formas graves da doença, essas pessoas continuam protegidas para aquilo que é o mais importante".

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