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Ações de professora Adriana e Giovanna escancaram convenções de “faz de conta”

Ações de candidatas excluídas mostram que as convenções partidárias no Tocantins se transformaram em espetáculos de faz de conta, com caciques decidindo nos bastidores quem disputa ou não

Crédito: Divulgação/Instagram Dorinha

Desde que o Tocantins é Tocantins e a União do Tocantins fazia aquelas convenções espetáculo, enormes, com torcidas, bandeiras, claques de candidatos, que raramente se vê uma convenção de verdade. É tudo (ou quase tudo) faz de conta.

 

Os líderes ajustam as nominatas com os pré-candidatos, definem antes quem vai ou não vai disputar, e no máximo é feita uma leitura, “referendando” os nomes.

 

Ninguém vê debate, não há disputa entre A e B pela mesma vaga, só discurso. E bate-se o martelo, lavra ata, todo mundo assina e “vai pra galera”.

 

Este ano – ironia das ironias –, a única convenção que teve votação aberta e disputa foi a do PSB, onde o presidente Carlos Amastha até tentou fazer acordo com Vanderlei Luxemburgo, o Luxa, antes. Mas deu ruim. Deu briga, grito e palavrão no café da manhã no hotel. Na convenção, onde Carlos se apresentou candidato ao Senado, foi outro pé de guerra. E Adir Gentil comandou uma votação meio às pressas na base do levanta a mão quem concorda...rs

 

As cenas serviram para rodar a internet e deliciar aliados e adversários. No fim, deu contestação e segue as cenas dos próximos capítulos na Justiça Eleitoral.

 

A peça bem estruturada que a professora Adriana, do União Brasil, protocolou na Justiça Eleitoral objetivando impugnação de candidatura, assinada pelo advogado do eleitoral, Thiago Franco Oliveira, deixa claro os passos da convenção conjunta que homologou os nomes acordados antes. Para surpresa de Adriana, ela foi cortada no dia. O mesmo aconteceu com o ex-subsecretário Quesede, da Saúde. Os dois eram nomes fortes da gestão de Mauro Carlesse.

 

Ambos foram cortados. No caso de Adriana, um dia após a convenção veio a nota de indignação. No caso de Quesede, a tentativa de que alguém desistisse na nominata. Não deu certo, ele gravou um agradecimento aos que o apoiaram, dormiu e acordou secretário de Parcerias Público-Privadas do governo Wanderlei Barbosa. Ou seja: reinserido ao grupo. Passou no teste da fidelidade.

 

Um dos trechos que chama atenção na ação é que o ato do corte é classificado como um ato de violência política contra a mulher: “cumpre ainda destacar que a conduta do partido afrontou claramente a legislação, sendo inclusive uma conduta combatida pela Lei 14.192/2021, que reprime e combate a violência política contra a mulher...”

 

Contraponto...

 

O mesmo fez a policial Giovanna Nazareno, que não aceitou o corte do seu nome pelo deputado federal Vicente Jr. - que recebeu o aval da nacional para montar como quisesse a nominata de federal -, uma vez que é deputado de mandato, que obviamente trabalha para manter.

 

Giovanna foi anunciada antes, na pré-campanha, como federal. Foi à convenção e discursou. Na Convenção do PP também não houve votação, mas leitura dos nomes, discursos e aclamação.

 

Cortada depois, entre a convenção e o registro das candidaturas no TRE, Giovanna protocolou pedido de registro em separado e em síntese alega que a decisão da convenção não foi respeitada.

 

O que esses episódios têm de comum é a mesma prática, que a Justiça Eleitoral deixa correr frouxa e só se manifesta quando alguém, se sentindo prejudicado, provoca.

 

Obviamente que não se espera da deputada Professora Dorinha nenhum ato de discriminação à professora Adriana, pela sua condição de mulher. Mas, a ação força a explicação, expões métodos antigos e quem sabe vai ajudar a acabar com isso. E permitir que as convenções sejam de fato espaço para debate e votação.

 

Até por que caciques sempre têm o comando dos delegados, seja à esquerda ou à direita, e podem aprovar e reprovar numa convenção, quem bem entenderem.

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