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Com novas pastas e sem interferir nos poderes, Wanderlei tem boas chances de acertar

Os acertos e as críticas no começo do governo de Wanderlei Barbosa, este só dele. Nomear parente, desde que competente, é problema? Num Tocantins em que a família sempre acompanhou os eleitos?

Crédito: Montagem/T1 Notícias

Há muito tempo o clima de começo de governo não era tão bom no Tocantins. Explico: desde a volta de Siqueira, eleito em 2010, um governo não é cercado de tão boas expectativas como agora. Ajustes nas contas, realização de concursos, retomada de programas sociais (o Prgrama Jovem trabalhador ainda aguarda o start).

 

É forçoso reconhecer que Barbosa chega sem muitos pesos nas costas e com a disposição - de filho legítimo do Tocantins, criado vendo o pai vender boi e a mãe dar aulas no grotão de serra que é Taquaruçu – de fazer diferente dos erros que assistiu nos governos nos últimos anos. Seja como vereador em Palmas, deputado na Assembleia ou vice-governador no Palácio.

 

Ressalva: Siqueira logo que voltou ao poder pegou uma máquina inchada, LRF comprometida e teve que numa canetada demitir 16 mil pessoas. Em seguida veio o trágico acidente que ceifou a vida do neto, o inocente Gabriel Siqueira Campos. O governo começou imerso em lutos... e o velho Siqueira de tantas realizações seguiu, como ele mesmo dizia, administrando folha de pagamento.

 

Segunda ressalva: digam o que quiserem de Mauro Carlesse. Esquemas. Dureza com o Legislativo, parcimônia na distribuição de cargos, mas coube a ele exercer o papel de governador linha dura, cortes de pessoal, cortes de recursos de custeio. Aumento da arrecadação. Claudinei Quaresmim, de inteligência rara, fazendo o papel de “Iceman” com os deputados e seus pedidos. Pandemia, interrupção de concursos. E foi-se Carlesse arrancado na marra, deixando Wanderlei.

 

Agora ouço e leio críticas ao governador reeleito por ter nomeado a irmã, Professora Berenice, numa recém-criada Secretaria da Mulher. Pode-se dizer tudo sobre isso, menos que Berenice não é uma mulher competente para exercer esta ou outras funções. A conheço antes de assumir a pasta da Educação na primeira gestão Carlos Amastha.

 

A pergunta que eu faria e que penso que deva ser a preocupação de quem questiona a presença dela à frente da pasta é outra, que não o parentesco com o governador. O que será de fato executado, em termos de políticas públicas nesta pasta?

 

Vai cuidar de fortalecer a oferta de serviços de saúde a mulheres gestantes (tão ruim em Palmas)? Vai fazer campanhas de combate ao feminicídio e atuar junto à Segurança Pública, Ministério Público, Judiciário para que o julgamento desses crimes hediondos caminhe?

 

Esta pasta não pode ser apêndice de primeiras-damas. Precisa ser um instrumento de luta das mulheres tocantinenses. Tão bem conhecidas nas suas realidades por Berenice.

 

Pano rápido.

 

Desde que pisei os pés em Palmas, naquele 3 de abril de 1991, vejo governadores nomeando parentes em cargos de primeiro escalão, sem gritaria.

 

O grande Moisés Avelino, a quem tive o prazer de assessorar na extinta TV Manchete/Comunicatins, tinha a irmã, Zilneide, e dona Virgínia como braços ativos no seu governo.

 

Siqueira Campos teve Stella, Thelma, Jaime Lourenço e finalmente Eduardo Siqueira, filho, como super secretário.

 

Sandoval Cardoso teve na pasta mais forte o cunhado Kaká.

 

Marcelo Miranda teve o tio, Dr. Luiz, na Controladoria o pai Brito Miranda, a esposa, Dona Dulce.

 

Carlesse, o sobrinho, filho do coração, Claudinei.

 

Sem julgamento de mérito da atuação de cada um, nomear parente no Tocantins é tradição.

 

A pergunta que faço e sempre farei: é alguém competente? Tem condições de fazer um bom trabalho? Passará longe de esquemas de corrupção? Penso que estas é que devem ser as perguntas pertinentes.

 

Fecha parênteses.

 

No mais, quanta alegria a criação de uma Secretaria que honre nossos povos originários. Narubia Werreria é uma esperança. Pela juventude, pelo arroubo – foi uma das mais árduas defensoras da eleição do presidente Lula – pela ousadia e coragem. Tem compromisso com os povos indígenas, tem sororidade e empatia para gerir a pasta.

 

Pouca interferência na Assembleia Legislativa

 

Quem acompanha o Blog sabe o quanto sou crítica da antecipação da segunda eleição da Mesa Diretora na Aleto. Um cuidado extra que o governador toma para o futuro, garantindo que será o filho, Léo Barbosa o segundo presidente, na eleição que vem por aí dia 1º.

 

Fora esta questão, que acrescentou um dado novo no jogo de xadrez que é o poder naquela Casa, Wanderlei Barbosa tem optado em ser maestro e não condutor do processo. Está em campo não para forçar um nome. Coisa que se fosse fazer, a lógica demonstra que faria por Cleiton Cardoso, mais próximo dele.

 

No entanto, o recado que deu aos dois candidatos do seu grupo foi: quem construir melhor, leva. E, desde a última semana, corre nos bastidores que está convencido que Amélio Cayres tem mais votos e trabalha para juntar todos numa chapa única.

 

Fazendo assim, não impõe sua vontade agora, e garante caminho pavimentado para Léo ser presidente sem resistências do grupo no segundo tempo desta legislatura.

 

E Rérisson, o maninho?

 

Sobram ainda as críticas pela eleição de Rérisson Barbosa, o maninho, no comando do Sebrae.

 

Filho e um dos coordenadores da campanha do pai, recebeu as bênçãos e os votos para ser superintendente do Sebrae Tocantins. É um rapaz humilde, advogado por formação e que chegou - segundo corre nos bastidores - sem pisar de salto alto e querendo aprender mais sobre a gestão do órgão.

 

Terá na diretoria técnica a ajuda de um “avião”: Rogério Ramos, que era candidato ao mesmo posto e compôs para ficar neste cargo, com um ajuste entre a prefeita Cinthia Ribeiro e o governador.

 

A expectativa em torno de Rérisson é grande, até porque os feitos da gestão Moisés Gomes, que o antecedeu, são enormes. Inclusive o orçamento que ficou aprovado para 2023.

 

O mais é conversa de salão. “Será que o governador finalmente se separa? Será que casa de novo este ano?” Só falta isso...rs.

 

Família, afinal também foi um mote da sua campanha. No melhor sentido da palavra.

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