A polícia que nós queremos até mata, mas não executa…

O final de semana foi violento com a morte de um tenente aposentado em Miranorte, que terminou com o autor baleado na madrugada seguinte e a morte de um PM alvejado pela PF em Pindorama...

População de Miranorte em protesto
Descrição: População de Miranorte em protesto Crédito: Foto: Divulgação

Dois episódios marcaram o fim de semana envolvendo a Polícia Militar. Um em Miranorte. Outro em Pindorama.

 

Os dois servem como motivo de reflexão sobre a polícia que nós temos -  uma das mais honestas e melhor avaliadas do País - e o que é preciso fazer agora para que ela não se perca em outros caminhos, se tornando uma polícia que não queremos.

 

Ninguém quer uma polícia justiceira, que mate sem necessidade, que faça nas ruas sua medida de justiça, por achar que os tribunais não a fazem. 

 

“A polícia prende, a justiça solta”. É o que mais se escuta por aí, seja entre militares ou civis, gente que arrisca a vida nas ruas para proteger a sociedade.

 

É por ter conhecimento do que as ruas estão se tornando, que não recrimino policial que atira em legítima defesa. Para mim toda vida é uma vida especial, criada por Deus e só a ele cabe retirá-la. Mas não sou hipócrita: se alguém tiver que cair num confronto, que seja o bandido, nunca a polícia. Mais devagar: num confronto, algo inevitável.

 

Isso é diferente, por exemplo, de organizações paramilitares que nascem para garantir a justiça fora do expediente, tendo a lei da bala como medida. Sou contra os que julgam, condenam e executam sem passar por qualquer outro tribunal que não o da sua vontade.

 

Não estou afirmando que foi o que aconteceu em Miranorte, quando o assassinato de um tenente da reserva terminou com o autor do crime morto antes que o sol subisse no dia seguinte. Um grupo de policiais militares - segundo moradores relataram ao T1 -  alguns de fora da cidade, matou o autor na madrugada, na zona rural. Num “confronto e troca de tiros”, afirma a PM em nota. Existem testemunhas? A morte do pintor Weligton Lacerda de Sousa, de 36 anos, era necessária, indispensável, imprescindível?

 

Uma parcela significativa da população de Miranorte acha que não. O movimento que foi às ruas reclama de truculência na abordagem da PM na cidade. Um vídeo encaminhado à imprensa denuncia maltratos. Não vamos postá-lo, mas encaminhar ao Ministério Público Estadual, para conhecimento e providências.

 

As duas mortes em Miranorte merecem atenção e esclarecimentos.

 

Mas chama também a atenção, o ocorrido em Pindorama. A operação mais estranha que se tem notícia: PF e Gote monitorando uma agência do Correios, PF dispara contra dois PM`s, ocasionando a morte de um deles. O motivo dos militares irem à agência teria sido a percepção de movimento estranho. Observada de longe, pelas falas oficiais, toda a história é estranha. Se a Polícia Federal estava monitorando, como disparar contra militares, sem notar que eram militares? Não se pode admitir a política do atire primeiro, pergunte depois. Ela corre o risco de fazer vítimas inocentes. Como fez agora em Pindorama.

 

A polícia que nós queremos é uma corporação preparada para agir. Atenta com a população e dura com os bandidos. Esta polícia pode até matar, em situações extremas, mas não deve ser uma polícia que executa, de forma premeditada ou não.

 

Queremos uma polícia que vigie o cumprimento da lei, mas cujos homens não se considerem acima dela. Uma polícia cujos integrantes não abusem da autoridade. Não se escondam atrás da farda para cometer crimes. 

 

Os fatos do fim de semana merecem um alerta. E se confirmado comportamento incompatível com a função, a correção na medida certa.

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