Base flutua e Damaso mostra força ao levar 10 em reunião paralela com governador

Semana em que governador convidou deputados para jantar, revela que Assembléia não é céu de brigadeiro para o governo. Com 75 dias de greve na Educação, deputados tomam conta do assunto nesta quinta

Marcelo Miranda recebe deputados no Palácio
Descrição: Marcelo Miranda recebe deputados no Palácio Crédito: Divulgação/Facebook

Está no Facebook do presidente da Assembléia, deputado Osires Damaso(Democratas), a foto tirada no gabinete do governador Marcelo Miranda(PMDB), ontem à tarde. Uma demonstração, senão de força, do equilíbrio em que se dividem os grupos atualmente na Casa.

 

Passando por lá na manhã desta quinta-feira, 20, quando acontecia a Audiência Pública da Educação, para discutir o movimento paredista comandado pelo Sintet, pude perceber nas entrelinhas das conversas com os deputados que as coisas não estão em céu de brigadeiro para o governo, como pareciam estar no final do semestre.

 

Abre parênteses para a cena de hoje na Casa.

 

Já são 75 dias de uma greve que parece sem saída para terminar. A audiência pública, que normalmente acontece no Plenário, com galerias lotadas, onde o público se senta confortavelmente - e que é transmitida pela TV Assembléia - desta vez foi levada para o auditório. Professores em pé, ar condicionado insuficiente para suportar o público, a audiência foi conduzida pelo deputado Wanderlei Barbosa, com a presença na Mesa de José Roberto, Ricardo Ayres, Eli Borges, Valderez Castelo Branco, entre outros. Pelo menos quatro deputados - entre situação e oposição - me confirmaram que passariam por lá para marcar presença, mas sem uso da palavra. “Não há o que dizer”, me explicou um.

 

O governador se recusa a receber o movimento grevista. “Nem no tempo do Siqueira, foi assim”, resumiu outro. Não tem adiantado as gestões de parlamentares para que Marcelo Miranda receba o Sintet. 

 

“O secretário é do PT, o sindicato é do PT, o governo é do Miranda, o Pai do Servidor público. Se vocês juntos não resolverem, o que nós poderemos fazer?”, ironizou o deputado Amélio Cayres na reunião que antecedeu a audiência pública, ocorrida também na Assembléia. “Vocês eram a última categoria que eu esperava ver aqui, pedindo nosso apoio”, completou, para desconforto dos grevistas.

 

De fato. O Sintet desta vez, praticamente fez campanha pública pela eleição de Miranda. E seus líderes estão inconformados em não ser recebidos. A decepção vai na entrevista de José Roque ao repórter Fábio Coelho nesta quinta.

 

Fecha parêntese.

 

Voltando ao jantar que Marcelo Miranda ofereceu aos deputados esta semana. Nove parlamentares compareceram. Ou seja: 14 faltaram, já que detido em seu gabinete, Mauro Carlesse não poderia mesmo ir. Carlesse no entanto não é da base de Miranda. “O Toinho estava viajando, o Bonifácio parece que não estava muito bem no dia, o Dertins estava viajando, o deputado Eli também”, justificava Paulo Mourão, líder do governo, emendando: “perdeu quem não foi, Marcelo estava muito aberto, descontraído, nos recebeu muito bem”.

 

Ponto.

 

O número de presentes: nove, foi superado ontem pelos deputados Osires Damaso e Vilmar do Detran. Os dois cabeças que comandam um grupo alternativo na Assembléia Legislativa atualmente não podem de fato ser classificados como “oposição”ao governo, mas são o fiel da balança. Votam dependendo do interesse que o grupo tem na matéria. Neste grupo está por exemplo, Eduardo do Dertins, que se aproximou do governo na disputa pela presidência, mas já retornou ao grupo de origem.

 

Damaso teria nos bastidores, desaconselhado seu grupo a ir ao jantar, para no dia seguinte, dar uma demonstração de força. Conseguiu. Com ele, são 10. “Não era um encontro formal, institucional. Nós não somos base. íamos fazer o que lá, num jantar?”, me disse em off, um dos novos eleitos.

 

Na prática, mesmo que a oposição ao governo, de fato se resuma hoje a dois deputados -  Eduardo Siqueira Campos e Luana Ribeiro - a situação está longe de ser confortável para o governo. Basta ver o comportamento de um dos que era mais próximo de Miranda na campanha - o peemedebista Nilton Franco - que esta semana “criticou duramente” o comando do governo numa fala repercutida por um site de Araguaína. 

 

O fato é que a turma encarregada da articulação política do governo Marcelo Miranda não está dando mesmo conta do recado. E precisa de ajuda especializada. Urgente.

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