Celtins corta energia da Saúde e deputado segura transferência do HDT: é mole?

Não está fácil manter a Saúde do Estado funcionando como o contribuinte espera. Mas ainda assim há quem jogue claramente no time do contra... sem o menor constrangimento

 

Tem coisa que a gente vê e não entende. E tem outras cuja intenção é tão clara, que devia envergonhar quem age para tirar proveito próprio em situações de crise... mas justifica de outra forma e segue em frente.

 

Descobri esta semana, conversando aqui e alí sobre a crise de relacionamento entre o governo e o comando da Celtins, que há cerca de 45 dias, bem no auge das manifestações de rua, o interventor da companhia, Isasc Averbuch mandou cortar a energia da sede da Sesau em Palmas.

 

O motivo: falta de pagamento de diversas contas de energia de responsabilidade da pasta por todo Estado. A da sede, segundo apurei, estava paga. E a dos hospitais, Seu Isaac não poderia cortar, sob pena de responder pelas consequências. Hospital é serviço essencial.

 

Seria cômico se não fosse trágico o episódio, por alguns motivos. Vamos a eles. O primeiro é que a Sesau, mesmo investindo 22% da arrecadação do Estado em Saúde (2% acima do obrigatório), tem que escolher que contas vai pagar todo mês. Além da sua folha, onde estão do mais simples funcionário administrativo, até os médicos que ganham melhor (salários e plantões extras).

 

Parêntese. Conversando com a secretaria Vanda Paiva sobre uma história que ouvi de que tem médico ganhando acima de R$ 70 mil, ela foi clara: não existe este salário no Tocantins. O que acontece é que o médico faz sua carga normal de plantões. E ganha por plantão extra, presencial, R$ 2 mil. Conclusão: os que podem, fazem até 10 plantões extra por mês. E recebem acumulado, às vezes, até 3 meses depois de terem feito.

 

“Aqui falta médico. Como é que você acha que nós estamos batendo as metas do ministério? Acertando os plantões extras e pagando cirurgia eletiva a parte. O médico que está disposto a fazer 10 plantões, eu agradeço a ele”, admitiu a secretária.

 

Fecha parêntese.

 

Pois é neste cenário de demanda imensa e recursos reduzidos, que a Saúde vem se equilibrando como pode para fazer cirurgias eletivas, pagar empresas fornecedoras de remédios e continuar mantendo estoque funcionando, pronto socorro improvisado funcionando, e todas as suas obrigações constitucionais sendo cumpridas. E ainda acha quem atrapalhe...

 

HDT na Assembléia

 

Saindo da Sesau direto para a Assembléia Legislativa, recebo a informação de que está em vias de vencer o prazo que o Estado tem para fazer a transferência do HDT – Hospital de Doenças Tropicais de Araguaína para o governo federal, via UFT, manter. Va tirar do primo pobre e entregar ao primo rico.

Sendo assim, qual é o problema na transferência? O atendimento vai piorar? Dificilmente. Afinal estamos falando de uma Universidade, com curso de medicina funcionando e bem. Estamos falando de uma cidade -  Araguaína – pólo e referência em Saúde.

 

Mas o processo de doação travou na Comissão de Saúde da Casa e está nas mãos do deputado Eli Borges(PMDB) que protela para dar o parecer. Nesta quinta estão todos lá para o debate em torno do assunto: inclusive o reitor da UFT, Márcio Antonio da Silveira.

 

Só nos resta torcer para que prevaleça na Assembléia o bom senso que parece andar em falta na Celtins.

 

E porque volto à Celtins? Por que o absurdo dos absurdos é cortar energia do sócio, justamente na área da Saúde, para fazer pressão para receber, enquanto a empresa tem dívida social e financeira na outra ponta.

 

Nos bastidores o que ouvi é que a conversa entre Vanda e Isaac foi bem áspera. Ele cortou e deu prazo para pagar. Ela apelou para os dividendos que o Estado tem a receber na companhia. Não adiantou. Ao todo, as contas vencidas na área da Saúde no Estado inteiro totalizariam algo em torno de R$ 1 milhão e 600 mil reais.

 

Enquanto isso, na Sefaz, o governo aguarda pacientemente que a empresa discuta uma dívida de ICMS de cerca de R$ 20 milhões, que a Celtins contesta e afirma não dever.

 

E ainda há quem defenda.... Haja paciência!

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