Em Brasília, Dilma ganha fôlego, resiste e sim... ainda governa!

Apesar da torcida contra e do trabalho árduo do PSDB para tensionar ainda mais a crise política, a presidente Dilma resiste, enxerga com clareza a situação do País e governa...

Dilma na Enagro na terça à noite: clareza na crise
Descrição: Dilma na Enagro na terça à noite: clareza na crise Crédito: T1 Notícias

Acompanhei nesta terça-feira, 18, a inauguração da Enagro - Escola Nacional de Gestão Agropecuária, em Brasília. Instalada num prédio antigo da Conab, todo recuperado para recebê-la, a escola de gestão vai oferecer cursos aos 11 mil servidores do Mapa, presenciais e tele-presenciais. Um impulso à capacitação permanente dentro da estrutura de pessoal do Ministério.

 

Antes, ao embarcar em Palmas, conversei com a deputada federal Professora Dorinha, enquanto esperava o voo. “A Dilma só não caiu por que de resto tudo já aconteceu”, me disse ela sobre o clima na Câmara dos Deputados. Do Democratas, partido de oposição à presidenta, a deputada me contava que hoje, quem mais obstrui as pautas de interesse do governo são os próprios partidos aliados. “Outro dia numa comissão, os próprios deputados do PMDB e PT faziam o papel de oposição ao governo. São partidos que estão no governo, têm ministérios, mas atuam fragilizando o governo. Eu até brinquei que estava parecendo jogo de vôlei e perguntei: vocês não querem um tempo para ir lá atrás discutir, entrar num acordo, por que vocês estão aqui tomando o nosso papel de oposição”, relata Dorinha.

 

Na terça, as ruas e hotéis estavam tomados pelas manifestações dos servidores do Judiciário. No táxi, escutei a indignação do motorista: “é um pessoal sofrido esse aí. Eles querem só 78% de aumento, para trabalhar do meio dia as 6h”, ironizou o taxista. Mais tarde peguei outro táxi e ouvi a mesma coisa: a reprovação de quem trabalha na rua, contra o movimento dos servidores do judiciário. Em Brasília, muito mais perto do poder e das suas singularidades, assim como do acesso a informações, o nível de conscientização e crítica são impressionantes.

 

Nesta quarta-feira, a movimentação é outra. Brasília é sempre assim: uma reivindicação atrás da outra. Uma panela de pressão, onde as categorias têm poder de influência proporcionais não ao seu tamanho (número de pessoas), mas à sua influência no processo mesmo. De um parlamentar, ouvi a crítica à proposta de Lewandowski: “as pessoas têm o hábito de pensar que a corrupção é privilégio dos políticos, mas veja o Judiciário. O presidente do Supremo propõe um absurdo desses, e quem, em sã consciência, com o tanto de processos que estão lá, dependendo deles, vai conseguir marcar posição contrária?”

 

Dilma Rousseff.

 

Por mais que a presidente esteja fragilizada sob o ponto de vista do apoio político e dos índices históricos de baixa aprovação popular, ela foi capaz de vetar o aumento do Judiciário. Razão das manifestações esta semana.

 

Forte o suficiente para resistir

Cantando o Hino Nacional a três passos da presidenta da República, e de frente pra ela, na solenidade de inauguração da Enagro, onde foi descerrada a placa da escola por Dilma, ao lado da Ministra Kátia Abreu e do Ministro Janine, da Educação, eu a observava. 

 

Resistir a um cenário de pressão política, com manifestações nas ruas, em meio a um discurso virulento que tensiona mais ainda o processo político -  feito pelos tucanos, com destaque para Aécio Neves, que perdeu a eleição - não é para qualquer um. Dilma resiste.

 

Esta semana, diferente de quando estive em Brasília há cerca de duas semanas, o clima é um pouco diferente. A presidenta parece ter encontrado ar para respirar. Apesar das manifestações de domingo.

 

Com agenda programada para ficar apenas o tempo suficiente de descerramento da placa, Dilma Rousseff estendeu sua permanência na Enagro. Bem à vontade, num meio que já lhe foi hostil, mas hoje é extremamente receptivo - o agro - a presidenta ficou para a assinatura dos termos e fez discurso de improviso. 

 

Ali, apesar da magreza que também lhe confere um aspecto de fragilidade, Dilma, deu seu recado: o País não é mais o mesmo de 5 anos atrás. O cenário atual não era imaginável há um ano. Assim como não se imaginaria que a China, uma potência, passasse pelos problemas que enfrenta hoje.

 

Falando pausada e firmemente, a presidenta explicou que não poderá manter, neste cenário, todas as desonerações. Mas manterá as da cesta básica, e mesmo que parcialmente, as do setor produtivo. Lembrou que aumentou recursos para Agropecuária e ressaltou que acredita no setor produtivo do País. "Estamos retirando o que não podemos mais dar nesta fase. Mas peço que compreendam, que é uma transição que estamos fazendo, necessária E que vai passar".

 

De Dorinha, também ouvi que hoje, em Brasília é claro o protagonismo do Mapa, uma exceção no governo, movido “como um trator” pela força de trabalho da Ministra Kátia Abreu. Além dela, o Ministro Kassab, apesar dos cortes profundos na sua área, toca as obras de habitação, e na Educação, o Ministro Janine segue com o Plano Nacional de Educação, os caminhos que já foram traçados.

 

A parceria entre o Mapa e o MEC, foi ressaltada pela presidenta. “Ministra Kátia Abreu, você está escrevendo seu nome na história da Agricultura deste País, de forma mais profunda”, disse Dilma, antes de finalizar e ir embora.

 

Na volta para o hotel, escutei uma servidora pública de carreira fazer sua avaliação: “admiro muito a presidente. É uma mulher forte. Sei que ela não tem envolvimento nesta operação. Se tivesse alguma coisa dela, já tinha aparecido, ela já teria caído. Torço muito para que ela dê a volta por cima. Ainda quero ver muito uma mulher brilhar, brilhar, brilhar muito nesse País”.

 

Um sentimento interessante, que muita gente partilha: ver Dilma sair da pressão e tirar o País da crise.

 

Daqui, também torcemos por ela, que diferente do que pensa Aécio, e do que deseja FHC, Dilma ainda governa.

 

Ela segue de coluna ereta em meio à tempestade provocada sim, por erros cometidos pelo seu governo e pelo seu partido.  Nenhum suficientemente grande, no entanto, para mandá-la para casa antes do mandato, conferido por milhares de brasileiros, terminar.

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