Entre as pesquisas e as urnas Kátia não perdeu, Gomes foi quem avançou

Nos próximos dias o Tocantins corre o risco de assistir a uma cena esdrúxula: a busca da anulação da eleição para o Senado baseada na hipótese de que a pesquisa tem mais peso que as urnas...

Kátia Abreu votando dia 5: atingiu 41,64% de votos
Descrição: Kátia Abreu votando dia 5: atingiu 41,64% de votos Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O resultado das eleições no Tocantins, para Senado tem dado muito o que falar nas rodas dos cafés e nos bastidores entre políticos,  militantes e jornalistas.

 

Em Brasília por exemplo, já circula que Eduardo Gomes, que se aproximou de Kátia Abreu nas urnas a uma diferença inferior a 1%, vai tentar judicializar o processo eleitoral para dizer que não perdeu para a senadora que se elegeu, mas para o Ibope.

 

É um argumento curioso, para não dizer esdrúxulo. Do tipo: o que vale é a pesquisa e não o desejo do eleitor manifestado nas urnas.

 

Abre parênteses.

 

Este ano o Portal T1 encomendou duas pesquisas ao Ipeto. A primeira em abril, às vésperas da eleição indireta, para medir a diferença entre o que o eleitor pensava e o que os deputados queriam e fizeram naquele processo eleitoral.

 

A segunda foi publicada no final de agosto, há mais de um mês de distância das eleições. Optamos por não fazer a terceira, por dois motivos: a dificuldade de bancar quatro equipes novamente por todo o Estado e a dificuldade em encontrar um estatístico que garantisse exclusividade ao instituto. Praticamente todos os institutos do Estado usaram os serviços do mesmo profissional e exibiram resultados diferentes. O mais assombroso, por conta do instituto que deu empate técnico entre Miranda e Sandoval na semana anterior às eleições.

 

Fecha parênteses.

 

O fato é que na pesquisa T1/Ipeto, a senadora Kátia Abreu exibia pouco mais que 41,6% no final de agosto, nas intenções de voto. Kátia cravou nas urnas dia 5 de outubro, 41,64%.  Já Miranda tinha 57% em final de agosto e chegou às urnas, muitos atropelos depois com 51%. De forma que não há o que se dizer dos números que divulgamos. Ressalvado o intervalo entre uma (a pesquisa) e a outra (a eleição), é um resultado fantástico.

 

A diferença dos números de Sandoval, por exemplo, é explicada pelo crescimento do volume de sua campanha, especialmente com as dificuldades vividas na campanha de Marcelo Miranda. De um candidato ao governo, que tem a máquina nas mãos não se espera nunca menos que 30%, por pior que seja a campanha. E Sandoval não foi tão mal assim. Conseguiu reagir e melhorar o discurso, fora a estrutura, visivelmente superior que exibiu durante todo o pleito. Ainda assim, chegou com 44% no final da apuração.

 

O milagre da multiplicação dos votos de Gomes

 

Se observadas todas as pesquisas realizadas do começo ao final do pleito, registradas e divulgadas, Kátia Abreu tinha em média 43% de intenções de votos. Se chegou com 41,6% não há o que dizer que os institutos erraram nos números dela.

 

A diferença gritante se dá única e exclusivamente nos números de Eduardo Gomes. Este, numa mensagem trocada outro dia com seu segundo suplente Tom Lira, dia destes (Tom havia lhe dito que se o primeiro suplente fosse outro Aécio poderia ser presidente, Gomes ministro e ele senador), afirmou assombrosamente que tomará posse no lugar de Kátia Abreu.

 

Delírio? Não, Eduardo Gomes é um homem inteligente. É tanto que todo o investimento que deixou de fazer nos primeiros 60 dias de campanha, foi compensado na reta final. Um verdadeiro exército de vereadores foi às ruas buscar a vitória do candidato à Senado do Solidariedade, bastante motivados.

 

O deputado, candidato ao Senado contou com muita gente experiente na tentativa de tomar a eleição de Kátia Abreu na reta final. Corre nos bastidores que Vicentinho Alves comandou o sistema montado para apoiar Gomes no Sul e Sudeste. Darci Coelho e Raul Filho arregaçaram as mangas na estratégia definida de Palmas a Colinas. Amélio Cayres “arrochou” no Bico do Papagaio.

 

E fora isto tudo os federais receberam o apoio que não veio durante a campanha, na reta final.

 

O milagre da multiplicação dos votos de Eduardo Gomes, que saltou da faixa dos 22% para 40,77% em poucos dias, de fato será difícil para Serpes e Ibope explicarem em cima de uma planilha. Embora estivesse anunciado desde final de agosto, em palanque pelo próprio Gomes.

 

 Este é um mistério que só tem resposta nas ruas.

 

De toda forma não há que se negar que o clima para uma mudança no “espírito” do eleitor foi criado nos palanques e na televisão com muita bateria anti-Kátia nos 15 dias finais.

 

O que as urnas estão dizendo sobre esta eleição ao Senado ainda deve ser motivo de muita análise.

 

O que poderemos ver nos próximos dias no entanto é uma tentativa de subverter o resultado das urnas para tentar fazer valer o argumento de que o Ibope votou pelos tocantinenses. Uma enorme mentira. Kátia Abreu manteve do começo ao fim da campanha seu eleitorado. Aliás, como as pesquisas qualitativas diziam: o voto da senadora é dela e a acompanha onde quer que ela esteja, seja com Siqueiras, com Mirandas, ou apenas com o seu grupo.

 

Os tocantinenses votaram por si só. Cada qual com seus motivos. Fossem eles de caráter coletivo ou individual.  Se de fato avançar o sinal para tentar negar as urnas que tanto lhe deram nesta campanha, Gomes estará mostrando que não aprendeu a lição que muitas vezes ensinou: há eleições em que se perde ganhando e outras que se ganha perdendo.

 

Nesta ele saiu enorme, independente dos milagrosos meios que utilizou. Agora é bola pra frente. Daqui quatro anos tem outro embate. Com duas vagas, bem mais fácil de encarar.

 

(Atualizado às 18h09)

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