Estradas que matam

Ainda choca quem acompanha o noticiário, as imagens de mais um acidente na BR-153 ontem, quinta-feira, 24, com vítimas fatais.

 

O motivo do acidente apontado como determinante para que a tragédia não pudesse ser evitada, foi a péssima condição daquele trecho da estrada, que começa a ser recuperado num emergencial tapa-buracos, nesta sexta-feira, 25, quando as vítimas começam a ser enterradas.

 

Nesta manhã, fui ao Palácio acompanhar a reunião provocada pela Secretaria de Infra Estrutura com os primeiros dez prefeitos de cidades que serão beneficiadas nesta etapa do PDRIS, programa que destinará U$ 76 milhões de dólares americanos à recuperação de estradas vicinais. São vias municipais bastante utilizadas em cidades que dependem do escoamento de sua produção agrícola e pecuária.

 

As cidades onde as audiências públicas foram realizadas, e que já tem os trechos a serem recuperados, definidos dentro dos critérios do agente financiador do empréstimo que o governo contraiu para fazer as obras, enviaram seus representantes.

 

Mas o ponto que me chamou atenção, na fala do secretario Alexandre Ubaldo, ao se referir a outro ponto do programa: a recuperação da malha pavimentada, é perturbador.

 

600 km que fazem diferença

 

Numa conta matemática rápida, Ubaldo citou os piores trechos de asfalto estragado, ou “vencido”, atualmente no Estado. De Dianópolis a Novo Alegre, no Sudeste, de Couto Magalhães a Guaraí, na Lagoa, nas proximidades de Araguaína, para ficar só nestes. E raciocinou, vaticinando: “São 600 km, menos de 10% de toda a malha do Estado, que é de 7 mil quilômetros, mas por serem os mais críticos chamam mais a atenção”.

 

É lógico que chamam. E nem poderia ser diferente, pelo volume do fluxo que passa por estas cidades, estratégicas em suas regiões.

 

No final do ano, justamente naquele trecho de Dianópolis até a saída para a Bahia e Luiz Eduardo Magalhães, uma família inteira foi vitimada, saindo de férias. O caso abalou a comunidade. E não era para menos.

 

É sempre assim, salvo raras exceções: primeiro vem a tragédia, e depois a equipe do tapa buracos, ou da sinalização, fazer o reparo. Até quando?

 

Um volume estrondoso de recursos já foi anunciado pelo governo do Estado como solução para o problema das estradas tocantinenses que estão pedindo socorro. Falo das estaduais, para onde se destinarão a impressionante cifra de U$ 160 milhões de dólares. Estes a serem aplicados em 1.600 km de estradas a serem recuperadas no estilo do Crema, aquele programa de recuperação do Dnit que tantas manchetes já rendeu no Tocantins.

 

O fato é que o investimento é bem vindo. O alarde agora, é para chamar a atenção para os recursos obtidos. Na prática, ninguém vai recuperar estrada em período chuvoso.

 

Até que a chuva passe, as obras prossigam e a buraqueira chegue ao fim resta rezar e torcer. Rezar para que as estradas semi destruídas não sigam matando cruelmente quem se arrisca a passar por elas. E torcer para que esta dinheirama toda cumpra sua finalidade. Sem desvios que acabam enriquecendo pessoas e financiando projetos, nem sempre de interesse tão público assim.

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