Na casa de Kátia, todos em volta de Dilma: uns mais, outros menos companheiros

Jantar oferecido à presidente Dilma, em sua casa, pela senadora Kátia Abreu reúne governador Marcelo Miranda, prefeito Carlos Amastha, aliados da ministra e petit comitê. E deixa claro distâncias...

Na política, como na vida, tudo que não está dito em palavras pode ser lido nos gestos. Nas expressões de alegria ou desconforto. Na intimidade ou no constrangimento. Também é verdade que na hora mais escura é que se conhece quem são os companheiros.

 

Por isto, o jantar oferecido ontem, sexta-feira, 23 - para exatos 31 convidados, cujos nomes relacionados numa lista,  e apenas estes,  puderam passar pela rígida equipe de segurança da presidente- deu o tom, nos bastidores, de como anda a relação entre os principais líderes políticos do Estado, entre si, e a destes com a presidente da República. Num momento que é difícil para o País, mas especialmente difícil para a presidente, que tem pagado por erros que são seus (do seu governo) e outros -  a maior parte -  que são oriundos do seu partido e do grupo que a antecedeu na presidência.

 

Dilma Rousseff, fora dos holofotes demonstra ser uma mulher forte, articulada. Ontem, à vontade, na casa da ministra de quem tornou-se amiga próxima, era uma Dilma desarmada, tranquila, sorridente, simpática desde a roda de deputados (Gaguim, Irajá, Vicente Júnior) e senadores (Vicentinho e Donizeti) que se aglomeraram ao seu redor, até o momento em que foi à cozinha agradecer Dadá e as demais auxiliares que prepararam o frango caipira, o porco, a salada, a farofa e os demais acompanhamentos que foram servidos ao lado do carneiro preparado pelo amigo de longas datas, Branquinho, que veio de Gurupi.

 

Último a confirmar presença, o governador Marcelo Miranda chegou à casa da Ministra junto com a presidente. Sem a primeira-dama e deputada Dulce Miranda, sentou-se com o ministro George Hilton, o prefeito Carlos Amastha e sua esposa Glô, na mesa em que estava ainda a embaixadora. Longe da roda mais próxima da presidente, Marcelo me explicava: Dulce estava ciceroneando a primeira-dama do Piauí, por isso a ausência.

 

Na hora do jantar, à volta da mesma mesa, o governador sentou-se à direita da presidente, de frente para Amastha e Glô, enquanto a presidente Dilma dividia a cabeceira da mesa com a anfitriã, ministra Kátia Abreu. 

 

Era visível que o governador não estava à vontade. Não se sabe se pela orientação seguida pelo seu grupo de votar contra os interesses da presidente nos últimos embates na Câmara - em que Josi Nunes e Dulce votaram para fortalecer Cunha - ou se por ser a primeira vez que volta à casa da ministra depois do desentendimento entre os dois no final de dezembro passado.

 

O fato, é que claramente, os prefeitos: Ronaldo Dimas, Otoniel Andrade e Laurez Moreira (acompanhado da desembargadora Dra. Angela) circularam mais à vontade em torno da presidente. Dimas inclusive, sugerindo um novo programa para o governo federal, o “Minha Empresa, Minha Vida”. Ideia que a presidente acompanhou atentamente e com interesse.

 

Na roda dos mais próximos, Carlos Gaguim, ex-governador e deputado federal, atualmente o mais ligado à ministra, depois do filho, Irajá. Gaguim como se sabe apoiou Aécio e foi um dos mais próximos articuladores de Cunha, mas hoje é dos que cerram fileiras contra o impeachment.  Também próximo, o Senador Vicentinho e seu filho, deputado federal Vicente Jr., o novo presidente do Basa, Marivaldo Melo e o empresário Marco Antonio Costa e sua Dora.

 

De fora, além de motoristas e seguranças, que aguardavam a saída de seus patrões, muitos deram “carteirada” para tentar entrar. Em vão. Nem secretários, nem outras “autoridades” que não foram convidadas passaram pelos dois portões e pela segurança.

 

Depois de conversar, ouvir sugestões e trocar ideias, a presidente jantou, tirou fotos, ganhou presentes e ouviu expressões de carinho. Como a de Fatinha, que acompanha Marcelo e é ligada a Brito Miranda há anos. “Presidente eu tô fazendo uma novena, rezando todos os dias, para a senhora passar por tudo isso, vitoriosa”, disse ela, no pé de ouvido, para Dilma. “Posso pedir uma coisa?” - respondeu a presidente - “quando acabar essa, faz outra”.

 

Ao embarcar para Porto Alegre já próximo da meia noite, a presidente Dilma com certeza foi mais fortalecida pelo carinho com que foi recebida e tratada em Palmas. Ainda que o Jornal Nacional, tivesse ignorado a abertura magnífica dos jogos, para divulgar a pauta pronta da vaias, que dividiram espaço com os aplausos na Vila dos Jogos.

 

A impressão que fica é que o momento ainda é difícil para a presidente, sim. Mas em melo a tantos embates, Dilma conta com bons companheiros. Alguns do Tocantins.

 

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