No vácuo das velhas lideranças, Hallum se apresenta na oposição

No balanço político da semana, é interessante analisar o passo dado pelo deputado César Hallum, ao se declarar oposição ao governo. Nos bastidores fala-se em César disputando o governo ou o Senado...

Cesar Hallum: marcando posição
Descrição: Cesar Hallum: marcando posição Crédito: Lourenço Bonifácio

A semana vai terminando depois de um evento que deu uma sacudida no ânimo dos prefeitos: o encontro promovido pelo governo federal em Palmas.

 

No pano de fundo do evento, como eu já contei aqui, havia um jogo de cena em que cada parte buscava demonstrar o prestígio que tem em Brasília. Se por um lado o prefeito Carlos Amastha demonstrou trânsito e capital político, especialmente com o Ministro das Cidades, de outro Eduardo Siqueira Campos lançou uma proposta extraordinária.

 

Foi esta que fez brilhar os olhos dos prefeitos: tomar emprestado do BNDES R$ 1 bi e 390 milhões de reais e distribuir dinheiro e obras entre as prefeituras que não têm condição de contratar estes recursos. O Estado figuraria como tomador do empréstimo e os municípios como beneficiários. A linha de crédito ainda não existe, mas a sua criação foi considerada viável pela Ministra Ideli Salvatti, que ainda lembrou o fato de que o Brasil nada mais deve ao FMI.

 

Se a proposta de Eduardo se materializar e quando se materializar, pode ser a redenção do interior sofrido e depauperado. Especialmente os municípios 0.6%. Mas vamos adiante.

 

Presente em eventos diversos, desde a Feira do Peixe em São Sebastião, até o evento dos prefeitos no Espaço Cultural, o deputado César Hallum parece ter saído do evento decidido a traçar seu futuro político.

 

Diz o ditado que para barco que não sabe aonde vai, nenhum vento é bom. César, literalmente, desceu do muro em entrevista concedida ao Portal CT, onde afirma que é oposição ao governo do Estado. E olha que ele é do PSD, da senadora Kátia Abreu. Ela que é governo não por opção momentânea -  como gosta de dizer a quem questiona por exemplo, o fato do filho, Irajá, ser secretario – mas por que “ajudou a construir a vitória” do governador Siqueira Campos e portanto tem todo direito de ser governo e participar do governo.

 

Corre nas rodas da política palaciana que a chapa Eduardo (governador) e Kátia (senadora) pode inverter na reta final para Kátia governadora e Eduardo Senador dependendo de quem tiver melhor viabilidade eleitoral no momento de definição eleitoral.

 

No plano nacional, Kátia é Dilma e Dilma, com toda certeza, caminha para apoiar Kátia no Tocantins. Se alguém tinha alguma dúvida disto no meio petista, as 16 mil casas concedidas excepcionalmente para o Bico do Papagaio esta semana, dão o tom do prestígio da senadora com a Presidenta.

 

Abro este parêntese para voltar a Hallum e o caminho que começa a fazer para ser tornar uma opção para as oposições, já que é do PSD. O fato é que a classe política reconhece que há hoje um vácuo de lideranças de oposição em condições de disputar o governo e o Senado. Político experiente, Hallum já leu o cenário e percebeu que sua sobrevivência política está em dar o grito de independência logo, para buscar aliados e construir um projeto majoritário.

 

Que o nome de César para uma vaga na chapa majoritária junto às oposições é uma possibilidade a ser construída já é buxixo forte nas rodas do Palácio Araguaia aos corredores da Câmara Federal.

 

O motivo principal é que as lideranças consolidadas enfrentam problemas legais. É o caso de Marcelo Miranda, que responde a uma enxurrada de processos. Quando pensa que resolveu um, brotam mais três dos tribunais locais. Carlos Gaguim vai caminho na mesma direção: como foi governador, o que não faltam são questionamentos técnicos e jurídicos. E suas contas continuam lá, pendentes de aprovação na Assembléia.

 

Se a tendência do eleitorado tocantinense confirmar o que mostraram as urnas em Palmas ano passado, haverá uma busca, de fato, por novas lideranças.  E é nesta linha de renovação  que Hallum vem trabalhando. Sem representar um segmento exclusivo, ou contar com apoio de grandes empresários, ele tem buscado o apoio da opinião pública em assuntos que interessam ao consumidor e cidadão em geral: redução da tarifa de energia, CPI da telefonia, entre outros.

 

Pode ser um bom caminho adotado pelo parlamentar. O primeiro passo já foi dado. Mas o próximo, certamente, será escolher outro partido. No PSD, com certeza, majoritária é um projeto que ele pode esquecer.

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