O ano e a CPMI caminham para o fim longe de qualquer consenso

Nas minhas rápidas andanças em Brasília há alguns dias ouvi algumas opiniões sobre o fim que será dado ao relatório do petista Odair Cunha, do PT, quando o assunto volta à discussão no Congresso

 

Não é segredo para ninguém as articulações para voto em separado feitas de um lado pelo PSDB, via senador Álvaro Dias -  que considera a CPMI “chapa branca”, e quer aprofundar as investigações em torno da Delta e suas subsidiárias ou “empresas laranja”- e de outro também pelo midiático senador do PSOL, Randolfe Rodrigues.

 

Uma coisa é certa: não há consenso, nem voto suficiente para fabricá-lo de forma majoritária em nenhum dos grupos.

 

Conversando com deputados do Tocantins, percebi duas tendências. Uma de que o relatório de Cunha será rifado, por que exagerou na dose da perseguição política. “Incluir jornalista da Veja sem provas, pedir indiciamento de quem não teve a oportunidade de ser ouvido (Rossini), e outras coisas mais deixou claro que o objetivo é político”, me confidenciou um federal que prefere não ser citado.

 

A outra de que independente de quantos votos tenha cada grupo para aprovar ou rejeitar o relatório e apresentar votos em separado, a CPMI provavelmente não fecha o ano sem ser votada.

 

Parêntese para Raul

 

O prefeito Raul Filho(PT) - que reverberou via assessoria, contra a declaração do deputado Eduardo Gomes(PSDB) de que foi um gestor hábil para alocar recursos e incapaz de executar todas as obras para as quais conseguiu verbas, por ter uma máquina burocrática e incompetente – voltou às falas.

 

No Jornal do Tocantins, da mesma Organização Jaime Câmara com quem vive às turras, e que foi o pivô de sua briga com toda a imprensa quando flagrado naquele vídeo oferecendo vantagens na prefeitura à Cachoeira em troca de doação para sua campanha, o prefeito fez declarações surpreendentes esta semana.

 

Disse que foi procurado -  não conta por quem – para ter o nome retirado da CPMI (presume-se, do relatório final), e que para tanto deveria pagar. Não disse quanto, não disse a quem.

 

É uma acusação grave. E feita no meio de um discurso em que Raul se coloca como vítima do “antro de corrupção que é o Congresso Nacional”.

 

Pausa.

 

Sim, o prefeito disse tudo isso. E mais: que de certa forma é vítima de um bando de hipócritas que está habituado a fazer a mesma coisa: buscar financiamento de campanha fora das fontes oficiais.

São declarações de um prefeito que caminha para o fim de um duplo mandato – oito anos de poder – acreditando estar deixando um legado muito maior do que “o que está na cabeça das pessoas”: Educação.

 

Raul concorda que errou na comunicação. Quis economizar nela para fazer mais obras, dá a entender. “Mas o povo quer ter as informações” alinhava. Independente do custo. Descobriu agora uma coisa que Íris Rezende, em Goiás, descobriu, propagou e fez bom uso na década de 80.

 

O certo é que nesta segunda-feira, 10 de dezembro de um ano que caminha rapidamente para o fim, iniciamos a semana em que a CPMI volta à pauta do Congresso, com Carlinhos Cachoeira novamente preso. A melhor definição dela é do deputado carioca Miro Teixeita, do PDT: “É uma pizza tão grande, que não cabe no forno”.

 

Numa coisa Raul Filho não deixa de ter razão: quem pôde mais, chorou menos e passou ao largo de ter maiores complicações. Afinal, fora dos tribunais, pagaram mais caro, os políticos que foram condenados a ter suas vidas devassadas e publicadas. Para alguns, a culpa "é da mídia, essa bandida, que inventa crimes e atribuiu a pessoas inocentes".

 

É, pois é, acredite quem quiser.

 

Comentários (0)