O PM e o eletricista: flashes de uma história muito mal contada...

Um amigo me chama no Facebook no final de semana, chocado com a morte de Jalbas Alves dos Reis, 30 anos, eletricista ocorrida no Bar do Bigode, no final da semana passada...

 

Ele me conta que Jalbas tinha sido ameaçado por um PM numa discussão anterior, por causa de uma vaga de estacionamento. Na versão do amigo comum, Jalbas estacionou, o PM mandou ele retirar o carro. “O cara humilhou ele demais. Ele pensou em registrar queixa mas depois me falou: abrir queixa contra PM é fria”, relata.

 

Vejam bem, segundo o relato de Jalbas ao amigo, o episódio da discussão aconteceu antes e não no dia da morte. Os amigos dele, a família não titubeiam em classificar o que houve no Bar do Portuga como uma execução. Jalbas estava armado? Por que? Se não houve disparo, há sentido na versão da legítima defesa argumentada pelo PM Igor Thamer Aires Machado?

 

O crime chocou a comunidade. Especialmente os que conheciam o morto.

 

As circunstâncias do atendimento da PM após a morte do rapaz são de chamar a atenção: presentes para registrar a ocorrência os colegas de farda de Igor não prenderam o militar em flagrante. Ele se apresentou com seu advogado e contando uma versão de legítima defesa, 24 horas depois, como está nesta reportagem do T1 Notícias.

 

O que há, tanto em uma como em outra versão, é uma história difícil de acreditar. Cheia de pontas e de interrogações que o inquérito da Polícia Civil deverá responder ao final.

 

Uma testemunha que estava no local e tentou socorrer Jalbas relatou ter sido impedido e ameaçado pelo PM que atirou. Mais um ingrediente na história explosiva que tomou conta da cidade no final de semana, principalmente da região Sul, onde o eletricista falecido tinha seu círculo de amizade.

 

O que não dá para acreditar, sinceramente, é que um policial treinado para neutralizar uma suposta ameaça, precise disparar três tiros e eliminar outra pessoa num bar.

 

Outro aspecto interessante foi comentado no Facebook, ironicamente por um leitor: “eletricista que fazia bico é assassinado por PM que fazia bico”. Os salários pagos a militares no Tocantins não estão entre os piores do Brasil. Ganham melhor que o Exército. Fato.

 

Até quando militares e civis farão “bicos” em funções de segurança, armados e investidos do poder de polícia?

 

Alguma providência precisa ser tomada. Não existe duas espécies de cidadãos: os que estão sujeitos a cumprir a lei, e os que devendo zelar por ela, agem como se estivesse acima do seu cumprimento.

 

A hora de conter e corrigir o que já vai se desenhando como uma tendência é esta. Nossa PM é uma das melhores do Brasil. Não pode ser contaminada pelo corporativismo de uns e pelas vistas grossas de outros.

Comentários (0)