O viés político na reforma de Siqueira

Eduardo Siqueira busca Eduardo Gomes e Eduardo do Dertins para o governo, e dá o viés político da reforma administrativa, que deve ter seus reflexos no próximo ano. Ricardo Ayres reassume cadeira

 

As nomeações feitas na tarde de ontem, segunda-feira, 25 no Palácio Araguaia tiveram forte viés administrativo, mas o que saltou aos olhos foi a movimentação política de duas nomeações. Os Eduardos, Gomes e do Dertins, dizem muito do que o governo mais quer construir este ano, não eleitoral: pontes.

 

Ao comentar a nomeação de Eduardo do Dertins, que assina o ato de posse na Assembléia Legislativa nesta terça-feira, Eduardo Siqueira deixou claro que não se trata de um acordo com o PPS, mas de um convite pessoal a Dertins para substituir Nelson Torezani na articulação que era feita entre a Casa e o governo.

 

Dertins (assim como Aragão) era do trio de ouro, composto na outra ponta por Sandoval Cardoso, no início do governo, quando tentaram construir primeiro a candidatura de Cardoso à presidência da Assembléia, e depois quando mantiveram o acordo em torno do nome da deputada Solange naquele emblemático 13 a 11 de janeiro de 2011.

 

Naquele janeiro no entanto, já haviam sinais de que a resistência ao governo poderia ser passageira. Hoje, quando Dertins assina o ato pelo qual volta ao governo, todos aqueles questionamentos -  que envolviam inclusive sua passagem pela pasta da Habitacão, no governo de Carlos Gaguim -  parecem pertencer ao passado.

 

Na oposição mesmo, ao que tudo indica, ficará Sargento Aragão e Josi Nunes. Com a participação eventual do deputado Eli Borges, naquilo que ele julgar que merece de fato oposição. Neste sentido foi a sua fala.

 

Sai Dertins, volta Ricardo Ayres

 

É neste cenário, de maioria acachapante do governo, que Ricardo Ayres -  que também já foi uma das vozes mais combatentes da oposição -  retorna à Casa. Pela segunda vez, pelas mãos de uma articulação feita por Eduardo Siqueira Campos.

 

Nos bastidores, Ayres é dos maiores cabos eleitorais hoje do projeto Eduardo Governador. Em torno dele também já é construída uma base, com cinco novos prefeitos, pelo menos. Estes, que não se elegeram necessariamente com o apoio explícito do Palácio, mas que já caminham mais próximos.

 

É a costura do futuro político num ano não eleitoral.

 

Sai Gomes, entra Nilmar

 

No caminho inverso, mas com o mesmo objetivo, acontece a nomeação do deputado federal Eduardo Gomes. “Não conheço nenhum político tocantinense mais bem relacionado nacionalmente que o deputado Eduardo Gomes”, elogiou ontem Eduardo Siqueira ao falar de por que um deputado federal com expressão nacional deixa Brasília para vir ser Secretário de Esportes, de uma pasta sem dinheiro, no Tocantins.

 

“Talvez a resposta esteja na pergunta”, disse Eduardo para mim ontem durante a coletiva em que questionei este fato. A idéia, segundo ele, é que Eduardo Gomes traga o dinheiro que falta. Na posse, dia 7 de março, trará o ministro Aldo Rebelo, o que por si só já gera outro fato político.

 

Mas de novo, não é só isso. A deputada Nilmar Ruiz tem ligações históricas com Eduardo Siqueira, desde que veio de Brasília para ser sua secretária no município, e depois prefeita de Palmas, por escolha sua. Na Câmara Federal, ela trabalhará para construir candidatura a federal novamente, e reforça o projeto Eduardo Governador.

 

Trata-se da Copa, do Tocantins ser Sub-Sede, das Olimpíadas e de toda mágica que Eduardo Gomes com certeza é capaz de fazer com sua rede de relacionamentos.

 

Se conseguir resultados concretos, o que não é de se duvidar, vai conseguir a projeção que hoje não tem, junto a um outro público.

 

É evidente que na vinda para o Estado está  a abertura de um “Plano B”, com vistas às eleições de 2014. Eduardo, o Gomes, não esconde de ninguém que sonha ser é Senador no próximo mandato. A vaga, a princípio está garantida à Senadora Kátia Abreu, na chapa do governo, que caminha para ter Eduardo Siqueira na cabeça.

 

Estudos jurídicos buscam uma saída para isto. Mas ninguém no governo tem certeza de que Kátia ficará nesta chapa. O que coloca o tal “Plano B”a caminho.

 

Questionado ontem na coletiva, pelo repórter da Band, se Eduardo Gomes está com esta secretaria pavimentando vaga de Senador na chapa do governo, Eduardo, o Siqueira, respondeu: “Não vamos discutir eleição num ano não eleitoral. Esta pergunta cabe mais a ele”.

 

Então tá. O viés político da reforma administrativa, começa a se desenhar neste fim de fevereiro. O tempo nos dirá de fato onde vai dar.

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