Segurança: um problema que requer mais que fechar bares e trocar secretário

Retorno de uma breve viagem que me fez deixar Palmas nos últimos dias, com a notícia da exoneração “a pedido”, do até então secretario de Segurança Pública, João Coelho.

João Fonseca Coelho
Descrição: João Fonseca Coelho Crédito: Ascom/ATN

 

Ele foi sucedido por alguém bem de perto, do seu próprio staff, que seguirá provavelmente com a mesma política de segurança, que é o até então Delegado Chefe da Polícia Civil, Eliú Jurubeba.

 

Há meses que a situação de Coelho era instável, por mais próximo que fosse do governador, e nomeação de sua cota pessoal.

 

O estopim da crise, ou a “gota d’água” que surgiu como pretexto da mudança do cabeça da Segurança Pública, foi a mais recente onda de violência em Araguaína.

 

A cidade, capital econômica do Estado, tem um histórico de crimes violentos. Sua proximidade com outros estados do Norte, onde as polícias são menos estruturadas que a nossa, é um fator determinante.

 

De lá, veio a decisão, a meu ver, acertada do prefeito Ronaldo Dimas, de limitar o horário de funcionamento dos bares. Os acontecimentos recentes, em especial assassinatos, lhe cobrem de motivos para a ação que alguns podem considerar extrema.

 

Mas fechar bares é um paliativo. A questão da segurança em Araguaína, e por extensão nos municípios mais populosos do Estado, vai além.

 

O que o Tocantins está vivendo nos últimos anos é um avanço desenfreado da criminalidade. Nos tornamos alvos de assaltos, sequestros de gerente de banco, explosão de caixas eletrônicos.

 

No varejo, é uma rotina de pequenos furtos, motoqueiros em ação no comércio, em especial supermercados.

 

O esquema da droga aumentando a criminalidade

 

É a onda do crime, arrisco dizer, que acompanha o crescimento do uso de drogas em todo Estado, da capital a menor cidade tocantinense. E não se trata só de maconha e cocaína, males que a polícia sempre enfrentou.

 

Trata-se de uma teia muito mais perigosa: a do crack, que por ser lucrativa envolve do traficante que coloca a cara na boca de fumo e se expõe na ponta da organização criminosa, até servidores públicos e autoridades que deveriam coibir a prática, mas acabam participando dela, direta ou indiretamente.

 

A criação do Conselho de Segurança é uma boa medida, mas o governo do Estado precisará ser menos tímido e mais enfático se quiser fazer de fato o enfrentamento ao crescimento do crime organizado no Tocantins.

 

O Sindicato dos Delegados de Polícia comemoram a indicação de Eliú, por se tratar de um dos seus. A nomeação melhora o clima entre o governo e a classe de delegados. Mas na prática, o mesmo comando que respondia a Coelho, responderá ao novo secretario. Há anos que o staff da Segurança é o mesmo, muda pouco.

 

Ontem ouvimos novamente falar em concurso público para a Polícia Civil. Algo extremamente necessário. O que não se escuta falar é em investir em inteligência, em profissionalização, em modernidade no enfrentamento do crime.

 

Se o Tocantins quiser mudar rapidamente o rumo para o qual caminha sua história na segurança terá que fazer mais, bem mais que fechar bares e trocar o secretário.

 

 

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