Tragédias imprevisíveis e as que se pode evitar

A semana que vai terminando nesta sexta-feira, 24, trouxe notícias tristes nas páginas policiais da cobertura jornalística do Estado.

 

Começou no feriado em Palmas, dia branco nas demais cidades do Estado, quando o pequeno Caio de 3 anos morreu carbonizado em Aurora, numa tragédia inexplicada até agora, já que a cidade não tem Bombeiros, nem perícia, e qualquer trabalho feito dias depois, já maculado o local dos fatos, terá diminuídas as chances de retratar fielmente o que de fato provocou as chamas fatais.

 

Nesta quinta-feira, 23, a notícia terrível veio de Tupirama onde um pai carinhoso, atropelou a filha de 1 aninho, que ele próprio já havia levado para dentro uma vez. E ela o seguiu novamente. Ele só soube quando chegou de caminhão às margens do Rio Rocantins para trabalhar, e recebeu o telefonema da esposa.

 

Dores que só nos resta pedir a Deus para nunca ter que sofrer, e que amenize o sofrimento dos que conviverão com a saudade e uma série de “se”`s.

 

Há tragédias que se pode evitar, diminuindo em volta dos fatos tudo que os potencializa. Outras não. Existem pessoas, que pela natureza explosiva, atraem para si confusões que outras não. Assim como tem gente pacata colhida pelo destino no lugar e horas erradas, pelo destempero de outros.

 

Como seria possível por exemplo evitar que a filha tramasse a morte da mãe aposentada, para depois sacar dinheiro de sua conta e tentar fraudar sua aposentadoria? Não poderia. A não ser que a filha fosse uma pessoa diferente. Com outros valores, como a vida, a gratidão. E não o dinheiro, a ganância, a necessidade de ter o que não lhe pertence.

 

São reflexões sobre a alma humana. E o que provoca para a vida em sociedade a falta de limites, de regras. Existem pessoas, a psiquiatria revela, que são avessas à regras sociais, que têm os limites do certo e errado muito variáveis, de acordo com as suas conveniências. São os psicopatas. De dois tipos: os sociais, que ainda vivem entre nós, e os completamente malucos, que inspiram aqueles filmes de serial killers que se vê na TV. Meu preferido é o Dexter. Somente por que tem um código moral que herdou do pai adotivo: só mata quem não presta, e que por algum esquema tenha escapado do sistema judiciário e prisional.

 

Mas voltando ao assunto. Quero aproveitar o tema e o gancho para falar das tragédias que se pode evitar.

 

A mistura da bebida, direção e som alto

 

Exemplo: gente que bebe demais (coisa comum) e invade o espaço do outro. Nem sempre é só a bebida, às vezes é a natureza do ser humano. Mas o álcool potencializa muito – mostram as estatísticas – uma série de comportamentos que levam ao crime.

 

Beber e dirigir, por exemplo. Ou beber e fazer festa com o som nas alturas. Acima do permitido por lei.

 

Isso tem acontecido com frequência, não só em Palmas. Som alto em bares, em festas. Som automotivo em praças e postos de gasolina. Som estrondando paredes de Igrejas.

 

Longe de mim querer ser a palmatória do mundo. Também gosto de música. Só não de acordar às 7hs da manhã com um som berrando na porta de casa. Ou de ir dormir tarde da noite com as paredes sacudidas pela festa do vizinho. Ou – como já sabe meia Taquaruçu – os domingos à tarde da Praça Maracaípe.

 

Entro no assunto de volta uma semana depois que o vereador Gérson da Mil Coisas (PSL) apresentou um requerimento na Câmara Municipal para pedir providências ao Executivo no cumprimento da lei que determina limites de volume (decibéis) e horário para todo tipo de evento com som que possa perturbar a vizinhança.

 

A fiscalização é de obrigação da Guarda Metropolitana e por extensão da ATTM, quando o fato ocorre em área aberta, suscetível à fiscalização de trânsito (automóveis).

 

Ficamos todos torcendo para que o vereador tenha sucesso, porque o fato é que nem a PM tem conseguido coibir este tipo de vandalismo.  Nas últimas ligações que fiz, com problemas do tipo, a resposta variava entre: procure a Delegacia de Costumes, ou: não podemos atender este tipo de ocorrência, porque foge da alçada da Polícia Militar”.

 

Fazer valer a lei

 

Numa dessas chamadas a atendente me explicou: “a senhora sabe quantas reclamações dessas a gente recebe num final de semana? Temos outras ocorrências mais graves para atender”.

 

Pois é. Alguém tem que resolver. É um problema que pode levar a tragédias. Um vizinho festeiro que eu tinha há alguns anos costumava me chamar para suas festas sempre que eu ia reclamar do som, depois das 11hs da noite em sua residência, muro com muro com a minha. Este ainda era cortes. Mas bebâdo, vocês sabem como é: um tipo normalmente incontrolável.

 

Nem sei se a PM consegue quantificar quantos desentendimentos, brigas, tiros e facadas acontecem a partir de episódios envolvendo bebida e som alto. Mas normalmente os dois andam juntos. Exceção aos donos de potentes equipamentos de som tocando músicas gospel à luz do dia. Com o objetivo de “converter” os vizinhos. Lá na 307 Norte, temos alguns reincidentes na prática.

 

Discutindo o assunto no Facebook ouvi um argumento interessante: “não interessa que tipo de som você queira ouvir, não obrigue os outros a isso”. E a recomendação vale também para estas lojas com seus promotores de venda e caixas de som viradas para as calçadas. Ninguém merece...

 

Resumindo: está na hora da prefeitura de Palmas comprar essa briga e fazer valer a lei municipal. Afinal, quem quer ter sossego, tem direito de ter. O princípio mais elementar diz que o direito de um começa onde termina o do outro.  No caso do som alto, de bares a Igrejas, está faltando quem faça valer.

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