Cartórios defendem que medida é "para tratar desiguais, desigualmente" na AL

Em audiência na AL, presidente do Inoreg justifica reajuste como algo que será cobrado maior para quem tem mais poder aquisitivo...

Audiência discute MP dos Cartórios na AL
Descrição: Audiência discute MP dos Cartórios na AL Crédito: T1 Notícias

A Audiência Pública para discutir a Medida Provisória nº 26, que reajusta as taxas dos cartórios no Tocantins, acontece na tarde desta segunda-feira, 10, na Assembleia Legislativa (AL). 

O presidente do Instituto de Estudo e Defesa da Atividade Notarial e Registral do Estado do Tocantins (Inoreg), Valdiram Cassimiro, disse que está “representando 83% dos tocantinenses que serão impactados positivamente com a aprovação da MP. Há muitos equívocos na interpretação desta matéria”.

O presidente afirmou que apesar de não ter sido convidado para a audiência decidiu ir para esclarecer pontos da matéria que podem ter sido mal interpretados. Ele pediu à presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputada estadual Luana Ribeiro (PR), para que sempre que as discussões aflorassem que ele pudesse esclarecer pontos da lei. A deputada negou. “Se conceder isso ao senhor, terei que fazer o mesmo para todos”, respondeu.

O presidente do Inoreg defendeu que o reajuste é para que as pessoas com maior potencial financeiro paguem diferente daqueles que tem menos condições. “A mudança é para tratar os desiguais, desigualmente. Não discordamos que o Brasil é um país com alta carga tributária, mas o registro imobiliário do Estado é um dos mais baixos do país”, argumentou.

O deputado estadual Marcelo Lelis (PV), autor do requerimento da audiência, disse que “nós estamos vivendo esse momento porque o deputado [Freire Junior] pediu vistas na matéria obrigando o Governo a encaminhar novamente”.

O deputado afirmou que com a retirada de pauta e abertura das negociações foi possível fazer a audiência. “Hoje todos os interessados terão direito a voz. A expressar e defender seus posicionamentos. Os que são a favor e contra a MP”, disse.

O deputado apresentou um estudo que fez apontando que o trabalhador brasileiro paga tributos muito altos e afirmou que seu posicionamento, diante da demonstração de que o país já tem uma alta carga tributária, é contrário à MP.  “O meu posicionamento sobre essa matéria já está claro”, disse Marcelo Lelis. 

 

Adin do CNA

Uma advogada representando Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) esteve presente para falar da Ação impetrada pela Senadora Kátia Abreu (PMDB). Ela justificou a ação afirmando que a iniciativa da MP ligada aos cartórios está ligada a iniciativa do Judiciário. “A MP tem um aspecto normativo e se configura como um projeto de Lei e deve ter iniciativa judiciária. Logo, desse ponto de vista ela nasce morta”.

Ainda de acordo com a advogada, a Ação se justifica pelo fato de a Constituição do Estado não está em consônancia com a Constituição Federal em item que trata da validade da Medida Provisória. “Desse ponto de vista, ela está revogada”.

Outro ponto defendido pela advogada diz respeito a capacidade tributária. “A medida não é adequada. As pessoas não tem capacidade tributária, os tributos tem que ser de acordo com a capacidade tributária de cada um”, defendeu.

 

Deputados

A discussão entre os parlamentare foi acalourada pelos aplausos dos que acompanhavam a audiência pública. O deputado estadual Freire Junior foi exaltado como o idealizador da discussão sobre a MP 26. “Não deixou que ela fosse aprovada”, disse o deputado Marcelo Lelis.

Alguns deputados já se posicionaram contrários a aprovação, como Marcelo Lelis, Eli Borges e Sargento Aragão (PROS). Outros levantaram a bandeira de que a matéria seja mais bem discutida. O impasse está na questão legal da matéria que segundo Aragão “não está claro, precisamos saber se contou ou não o período de recesso”, disse.

Para Carlão da Saneatins a MP ainda está em vigor. Para Eli Borges “parece que está tendo um jogo aqui para dizer que está tirando umas coisinhas do mais rico. O mais pobre aqui tem desconto de R$ 2 reais”, diz.

O deputado Freire Junior defendeu que sob o aspecto da legalidade a MP está “evidendentemente vencida. Sob todos os pontos de vistas e sob o bom senso está vencida e não me venham com a balela de dizer que a Constituição Federal vai valer sobre a Estadual”. O deputado disse que a MP vai acabar sendo votada sem sequer passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Vai votar por vontade do Estado e do Governo”, disse.

Ainda de acordo com o deputado, “o Governo está tirando o direito de Legislar. A sanea arrecadadora é tão grande que a vontade é que a Justiça tenha de 8 a 10 milhões de reais. E mesmo se não fosse nada disso, ela é imoral pelos índices de reajuste que querem atribuir ao tocantinense”, diz.

A sessão foi encerrada, mas a matéria continua na pauta desta terça-feira, 11.

 

Atualizada às 17h14.

 

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