Lula é preso e deixa São Paulo em avião rumo a Curitiba, onde começa a cumprir pena

Foram quase 26 horas para se entregar após o esgotamento do prazo dado por Moro e 49 horas depois de proferida a decisão

Ex-presidente foi preso neste sábado
Descrição: Ex-presidente foi preso neste sábado Crédito: Suamy Beydoun/AGIF

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 72, deixou São Paulo na noite deste sábado, 7, em um avião monomotor e viaja rumo a Curitiba, onde começará a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão. Ele chegou de helicóptero ao Aeroporto de Congonhas.

 

Ele fez o exame de corpo de delito na Superintendência da PF (Polícia Federal), na Lapa. O procedimento é rotina para qualquer preso. Até o momento, a defesa do ex-presidente não quis se pronunciar a respeito. O advogado Cristiano Zanin Martins viaja com ele a Curitiba.

 

Por volta das 18h45, o petista deixou o Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, no ABC paulista, a pé e se entregou à PF. Ele foi levado em um comboio até o aeroporto.

 

Antes, por volta das 17h, ele tentou sair do prédio e entrou no carro com Zanin Martins, mas foi impedido de sair pela militância à frente do portão, por isso na segunda tentativa ele cruzou os portões a pé. Apoiadores derrubaram as grades que barravam a entrada para tentar acompanhá-lo.

 

Foram quase 26 horas para se entregar após o esgotamento do prazo dado por Moro --e 49 horas depois de proferida a decisão. O petista não havia atendido à oportunidade oferecida pelo magistrado de comparecer de forma voluntária à Polícia Federal, em Curitiba, até as 17h (de Brasília) da última sexta.

 

Ele quis antes participar de uma missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faria aniversário de 68 anos nesta data, e depois almoçou com familiares.

 

Moro decretou a prisão de Lula para iniciar a execução da pena de 12 anos e um mês, imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pelo caso do tríplex do Guarujá (SP). No despacho, houve a ordem do magistrado para que o ex-presidente não fosse algemado e que fosse disponibilizada a ele uma sala em condições especiais na capital paranaense.

 

Último discurso

 

Antes de ser preso Lula passou boa parte do dia acompanhando da ex-presidente Dilma Rousseff; da senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann; dos pré-candidatos Manuela D'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL); Gilberto Carvalho; Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação de Lula; e o ex-chanceler Celso Amorim. 

 

O ex-presidente dedicou a sua última fala, realizada em discurso em trio elétrico na porta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), ao lugar que foi seu berço sindical e político e o local escolhido para o ato em seu apoio antes da prisão. "Na minha consciência, parte das conquista as da democracia brasileira a gente deve a esse Sindicato dos Metalúrgicos", disse Lula.

 

O petista diz que seu governo não teria sido o que foi "sem o apoio da companheira Dilma". "A Dilma foi a pessoa que me deu a tranquilidade de fazer quase tudo que eu consegui fazer na Presidência da República".

 

Lula não deixou de citar o juiz Sergio Mouro, que decretou sua prisão. "Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova", conferiu Lula.

 

"Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhões de pessoas pobres na economia, nas universidades, criando milhões de empregos", disse Lula aos manisfestantes presidentes que responderam com "Lula, guerreiro do povo brasileiro".

 

Outro grupo de manifestantes favoráveis ao ex-presidente está na frente da Superintendência da PF em Curitiba, para onde Lula será levado neste sábado. Houve bate-boca com um pequeno grupo opositor do petista que também foi ao local.

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