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O que a vida quer de nós é coragem: a voz rouca das ruas e a eleição

O mês de janeiro caminha para o final num clima de ostracismo e acomodação na política palmense. Mesmo quem tem larga vantagem e a folha de pagamento extensa não pode dizer que já ganhou...

Nas ruas da cidade: maioria está pouco interessada em eleição
Descrição: Nas ruas da cidade: maioria está pouco interessada em eleição Crédito: T1 Notícias

O ano é 2024. O presidente é Lula. O governador é Wanderlei.

 

O tempo dos grandes líderes que fizeram os primeiros 30 anos da história do Tocantins passou.

 

Um breve olhar para a recente história política de Palmas mostra que ela é cheia de revezes interessantes. A Palmas que elegeu Raul, elegeu também Amastha contra todas as probabilidades.

 

E mesmo que tudo indique que a cidade vá caminhar para uma eleição de dois turnos este ano - previamente decidida - nada é absoluto. Não existe vitória de véspera.

 

Faço esta breve análise de conjuntura depois de caminhar por diferentes lugares nos últimos dias, conversando com as pessoas sobre política.

 

Primeiro, é necessário dizer, que uma imensa parcela da população segue adormecida, apática e alheia ao movimento dos que querem ir às urnas este ano.

 

É larga a fatia desinteressada do debate, presa apenas à sua própria rotina diária. À necessidade de sustentar-se e pagar o boleto nosso de cada dia.

 

Por outro lado, dentro da imensa maioria alheia aos políticos e seus discursos, vive uma juventude ávida. Que não se vê representada nem busca representantes. Mas que paradoxalmente necessita deles assim como do estágio, do emprego, da bolsa, e do transporte público que vai um dia - quem sabe um dia - levá-los à universidade.

 

No Tocantins a maioria dos partidos acostumou-se a disputar eleições e acomodar-se à realidade logo em seguida.

 

Há muito tempo deixou-se de fazer a política legítima de busca de representação. Para ser substituída pela política da acomodação. Os interesses se acomodam. No balançar da carruagem as abóboras se ajeitam, os cargos são distribuídos, a política da boa vizinhança se estabelece.

 

Isso explica a eterna espera de alguns nomes (até bem avaliados) pelo apoio ou declaração de apoio do governador e/ou da prefeita para suas aspirações de disputa pela prefeitura de Palmas. Ninguém parece se atrever a “por a cara para fora” e escrever sua história, forçando as demais forças políticas aderirem a ela.

 

A não ser a candidatura de milhões.

 

É neste clima de dormência de uns, apatia de outros e avidez pelo comando das ruas por parte de terceiros ainda, que vamos rompendo janeiro rumo a fevereiro e ao carnaval.

 

Quando o Brasil foi tomado de assalto pela direita inconformada, agressiva, beligerante, havia na antevéspera daquela eleição um cansaço e um clima de desesperança na política. Foi o erro dos que se apropriaram dela como meio de enriquecimento, virando as costas para as ruas e suas necessidades, que pariu o monstro pós derrota de Aécio.

 

É 2024. O presidente é Lula, o governador é Wanderlei, a prefeita é Cinthia.

 

Nas ruas e nas pesquisas, o palmense que tem palpite (e a imensa maioria não tem) se divide entre Janad Valcari, Eduardo Siqueira, Carlos Amastha no primeiro pelotão. No mesmo cenário vem outros nomes postos à mesa, como Junior Geo, Vanda Monteiro, Ricardo Ayres. 

 

Na Federação Brasil da Esperança, Vilela e eu postulamos que o campo democrático de centro/esquerda, responsável por 39% dos votos da última eleição para o presidente Lula, tenha candidatura própria. Se coloque. Saia da acomodação. Vença a apatia. Contagie as pessoas em torno da boa e velha política que nada mais é que representação.

 

A mesma que o movimento negro precisa, para ser ouvido e considerado nas suas pautas. A mesma representação que salva mulheres da violência e a juventude do crime da droga. A mesma que pode além de matar a fome, permitir que as pessoas voltem a escolher o que querem comer.

 

Parece duro, mas não é. Trata-se de construção do futuro, a partir de agora.

 

O que a vida quer de nós é coragem para sair do ostracismo e arriscar ir às ruas. Pois é lá que moram todas as dores dos que querem ser enxergados, pois vivem à margem dessa tal acomodação.

 

 

 

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