Festa da Colheita do Capim Dourado começa 6ª; intercâmbio cultural marca evento

Diversas atividades vão marcar a VII Festa da Colheita do Capim Dourado de Mumbuca. Serão rodas de conversa, apresentações culturais, esporte e expressão cultural durante toda a festa que começa na 6ª

Colheita começa dia 20
Descrição: Colheita começa dia 20 Crédito: Secom Tocantins

A VII Festa da Colheita do Capim Dourado no povoado quilombola de Mumbuca começa nesta sexta-feira, 18, e segue até domingo, 20, quando os participantes terão a oportunidade de acompanhar o primeiro dia da colheita do capim dourado. A festa acontece durante o período do manejo sustentável do capim conhecido como “ouro do Jalapão”.

 

A representante da comissão organizadora da festa, Ilana Cardoso, informou que o evento facilita a troca de experiências entre as comunidades e permite que os turistas vivenciem a cultura do povo de Mumbuca. “Durante o evento há a possibilidade de fazer o roteiro de base comunitária que conta com um guia e a pessoa tem a possibilidade de conhecer a história do povoado. Vai ao campo com a comunidade colher o capim, toma café com a Doutora [Líder da Comunidade], conhece mais de perto a nossa cultura”, explicou.

 

A festa marca o início da colheita do capim que, conforme Ilana relatou, tem início sempre em 20 de setembro e segue até o fim do período chuvoso. “Após uma pesquisa realizada no local por oito anos estabeleceu-se esse período para a colheita para garantir o manejo sustentável do capim e assim preservar o nosso bem mais precioso que é o capim dourado”, destacou.

 

Rodas de conversas, apresentações culturais, futebol entre as comunidades, exposições e outras diversas atividades como fogueira, brincadeiras e cantigas de roda vão preencher os três dias de festa. “Quem quiser conhecer mais de perto toda a nossa cultura, essa é uma grande oportunidade”, disse Ilana ao informar que a festa é aberta para todos que desejarem conhecer o povoado e o Jalapão.

 

Integração entre comunidades

Durante a festa acontece ainda a feira de produtos artesanais que, além das tradicionais peças de capim dourado do povoado de Mumbuca, vai contar com os trabalhos dos povoados do Prata, Boa Esperança, Carrapato, Rio Novo e Fazenda Nova. “Esse é uma grande oportunidade para as comunidades quilombolas do Jalapão interagirem e trocarem as experiências”, pontuou Ilana.

 

O povo Xerente também estará presente na festa e Ilana relatou que os primeiros traçados do artesanato em capim dourado foram ensinados ao povo de Mumbuca pelos indígenas. “A presença dos indígenas na festa é muito importante, pois eles vão contar como se deram os primeiros passos para que o nosso artesanato fosse criado”.

 

Selo de Origem do Capim Dourado

Um ponto abordado pela representante da comunidade é a criação do Selo de Origem do Capim Dourado, que também estará no debate de sexta-feira, 18, da programação da festa. “Produto que tem selo de origem tem mais respaldo”, ressaltou Ilana ao informar que a criação do selo é de suma importância e que as discussões estão avançadas neste sentido.

 

Mudança de realidade

Ilana falou ainda sobre a mudança na vida das famílias da comunidade após a introdução na economia local do artesanato de capim dourado. “Antes só quem levava o sustento para casa era o homem e o serviço não dava reais condições de vida à sua família. Com o artesanato e as mulheres começando a trabalhar, a vida na comunidade mudou completamente. Hoje as casas tem uma televisão, geladeira, alimentação abundante. O capim dourado mudou a nossa vida”, relatou.

 

Com as mulheres no trabalho a auto estima delas também foi elevada, segundo Ilana o empoderamento da mulheres de Mumbuca promoveu a grande diferença na vida de toda a comunidade. “Hoje elas tem mais alegria e vigor, pois conseguem garantir o sustento de seus filhos”, pontuou.

 

Diante da melhora na qualidade de vida, o turismo também foi impulsionado e tem se transformado em uma importante fonte de renda para o povoado de Mumbuca. “A comunidade vive também do turismo. Ele gera uma fonte de renda a mais”, disse Ilana.

 

Acesso difícil

O principal problema enfrentado não só no povoado de Mumbuca, mas em todo o Jalapão é a dificuldade de acesso e para Ilana é preciso que a população se una para garantir que representantes preocupados com a região sejam eleitos. “Quando se trata de política ainda há uma grande divisão e para que agente consiga mudar a nossa realidade é preciso ter vontade política, e para isso, só com representação”, ressaltou.

 

O acesso ao Jalapão acaba afastando muitos turistas do local. “O Jalapão oferece muita coisa boa, mas para chegar lá é muito difícil. As demandas estão claras e o que precisamos em um primeiro momento é que as estradas sejam feitas”, finalizou.

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