Parceria sepulta o discurso e encurta diferenças entre os Mesmos e o Outro

O prefeito Carlos Amastha(PP) foi recebido com honras e glórias ontem no Palácio Araguaia para a agenda conjunta sugerida pelo secretario Eduardo Siqueira

 

Nos bastidores, houve quem dissesse que a recepção mais parecia de governador para Ministro da República, do que propriamente para um prefeito de Capital, eleito na oposição, com forte discurso anti-governo.

 

Mas não foi só isso.

 

A relação que já se travou entre Carlos Amastha e Eduardo Siqueira supera a olhos vistos os níveis institucionais. Como se viu e se ouviu nos discursos durante o evento e na entrevista pós evento, a campanha de Palmas e seus embates são página virada.

 

Ao longo de suas falas, pelo menos por duas vezes Amastha se referiu a Eduardo como “meu senador”. Este por sua vez comportou-se como um anfitrião acima da média. Na saída, questionado se permanece na oposição ao governo, o prefeito foi incrivelmente dúbio. "Eternamente, nasci pra isso", disse, para logo em seguida emendar "é muito prematuro afirmar isso, não sabemos o dia de amanhã".

De fato, a agenda conjunta inclui questões de importância para a população de Palmas e neste quesito, ninguém em sã consciência pode torcer contra um entendimento entre governo e oposição. Ou entre Estado e Município de Palmas. Ou ainda entre Carlos Amastha e Eduardo Siqueira.

 

Eduardo aliás, tem sido exímio articulista no quesito superar diferenças, esquecer inimizades e como gosta de dizer nos bastidores “saltar adversários” passando para dentro quem estava de fora.

 

A questão é saber como a população entenderá esse jogo de aproximação entre duas forças políticas antagônicas: a dos mesmos, que ocupam o Araguaia pela quarta vez, e a do Outro, eleito na contramão do discurso e da prática do gurpo governista.

 

Quem ganha mais? Quem perde mais? Perguntas interessantes e difíceis de responder.

 

A se observar o resultado das urnas uma leitura rápida autoriza qualquer analista político dizer que o eleitor de Palmas rejeitou as alianças esdrúxulas feitas na campanha de Marcelo Lélis. E por que? Literalmente, porque times historicamente adversários se uniram após anos de embates nas urnas. Uma mudança muito rápida que não foi bem assimilada. Exemplo disso foram as adesões do PDT e do PMDB à campanha governista.

 

E agora, será que seis meses são suficientes para que estejam todos juntos, tratando-se como grandes amigos?

“Se for para o bem do povo de Palmas, acho que só os adversários pessoais e políticos se ressentirão”,  avaliou uma fonte ligada ao Palácio Araguaia.

Do lado do prefeito, a aproximação é medida como positiva. Afinal Amastha tem sido prestigiado como não se esperava nem nos melhores sonhos da oposição. Em qualquer hipótese, avaliam, não haveria  prejuízo para a imagem do prefeito.

 

É um inédito registro em que passado o momento da disputa eleitoral, os opostos sentam-se à Mesa para planejar ações e resolver problemas.

 

Falando friamente,  o gesto das duas partes pode trazer grandes ganhos práticos à comunidade.

 

A questão é que política não se faz tão friamente como atos administrativos. O simbolismo que revestiu ontem a aproximação entre o Paço e o Palácio assustou sobremaneira os aliados de sempre. 

 

O que parece valer para este momento político e administrativo vivido pelo governo e o município de Palmas, é uma máxima muito presente nos relacionamentos amorosos: a de que os opostos se atraem.

 

Talvez seja esta possibilidade  - do desenho de novas e futuras alianças - que tenha tamanho poder de assustar alguns enquanto encanta a outros.

 

 

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