Mudanças no Igeprev são debatidas e Paulo Mourão fala de prejuízos por desvios

Na audiência na AL, ficou clara preocupação com possibilidade do Igeprev não ter condições de pagar benefícios futuramente. Mourão citou desvios que somam em torno de R$ 1,2 bilhão entre 2011 e 2014

Mourão pede auditoria no Igeprev
Descrição: Mourão pede auditoria no Igeprev Crédito: Foto: Ascom

A situação financeira do Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (Igeprev) foi amplamente discutida na manhã desta quinta-feira, dia 17, durante audiência pública, realizada a pedido do deputado Paulo Mourão (PT), no sentido de buscar soluções para garantir o equilíbrio financeiro e atuarial do órgão e desta forma o pagamento de aposentadorias e pensões. A preocupação com a possibilidade de não ter dinheiro para pagar os benefícios num futuro próximo ficou clara tanto na fala dos representantes de sindicatos, como dos deputados presentes e do atual presidente do Igeprev, Jacques Silva.

 

O deputado Paulo Mourão lembrou que a previdência do Estado era sustentável até por volta de 2008, mas nos últimos oito anos perdeu um grande volume de recursos, devido à má gestão dos governos, quando houve má aplicação dos recursos e desvio de dinheiro, comprovado através de auditorias do Ministério da Previdência. “Pasmem os senhores que os desvios somam em torno de R$ 1,2 bilhão somente entre 2011 e 2014”, destacou. “É papel da polícia, do Ministério Público, da justiça ir atrás dos responsáveis, a audiência pública é para debater como vamos solucionar o problema do Igeprev, porque não é responsabilidade somente do Governo”, frisou. “A sociedade e os servidores públicos também precisam ajudar, contribuir, debater, sugerir e fiscalizar”, elencou.

 

O representante do Ministério da Previdência, Narlon Gutierre Nogueira, que é diretor do Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público (DRPSP), da Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPPS), apresentou diversos gráficos sobre as aplicações e previsões atuariais do Igeprev. Ele relatou que o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) do Tocantins está vencido há mais de um mês. Vale ressaltar que sem o CRP o Estado fica impedido de receber verbas federais. “Duas irregularidades impedem a emissão do CRP, uma delas é aplicação de recursos pelo Igeprev em um determinado fundo de investimento desenquadrado e a outra irregularidade é o não envio de um demonstrativo de informações previdenciárias e repasses referentes ao quarto bimestre deste ano, provavelmente por atraso nas contribuições devidas ao Igeprev”, disse. 


 

Uma das medidas que Narlon apontou como saída encontrada por alguns estados foi a adoção da previdência complementar, já em vigor nos estados da Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que segundo ele contribui para sustentabilidade do Regime Próprio de Previdência Social. Outra ação que ele considera importante é a responsabilização dos culpados pelos desvios de recursos do Igeprev. Hoje 11 processos correm na justiça.


 

O presidente do Igeprev, Jacques Silva, destacou que recebeu o Igeprev em 2015, com diversos problemas de dívidas e que o órgão já tem dificuldade em honrar a folha de pagamento que é de R$ 52 milhões. Segundo ele, como forma de modernizar o sistema previdenciário, e assim promover o equilíbrio financeiro e atuarial do órgão, o governo enviou à Assembleia o PL nº 09, que tramita na Casa, e que vai promover a reformulação da administração do Igeprev. Jacques aproveitou para pedir a compreensão dos deputados e agilidade na aprovação do PL.“O projeto visa corrigir falhas, evitar irregularidades, sobretudo proteger o patrimônio dos servidores do Estado”, defendeu. A proposta é de aumento na alíquota patronal de 18,38% para 20,20%, diluído entre todos os poderes, não apenas o executivo.

 

A deputada Valderez Castelo Branco (PP) frisou que o projeto que está na Comissão de Constituição e Justiça, sob a relatoria do deputado Nilton Franco, propõe mudanças de concessão do benefício de pensão por morte, adequando-a as normas da previdência da União. “O objetivo do Governo é gerar uma redução dos gastos previdenciários”, defendeu. 


 

As alterações previstas no PL nº 09 deram o que falar em boa parte da audiência pública depois que o deputado Elenil da Penha (PMDB), questionou uma emenda do deputado José Bonifácio (PR) ao PL nº 09, que propõe que o disposto não se aplica aos militares do Estado, cujos benefícios serão revistos e reajustados na mesma data dos subsídios dos militares, independentemente da data de concessão. Jacques Silva considera que a emenda não é boa para o Igeprev. “Já mostramos ao deputado Bonifácio o impacto negativo que ela vai causar, apesar de corrigir algumas distorções de pensões de viúvas de militares”, afirmou. 


 

O deputado Paulo Mourão falou em isonomia para atender a todos, citando o caso de algumas professoras que também tiveram redução de salário com a aposentadoria, fora as outras categorias que também vão querer. Por outro lado, questionou de onde o Estado vai tirar dinheiro para pagar os gastos com a previdência que só aumentam. “Se o Governo não agir no sentido de reorganizar as finanças e despesas do Estado não conseguiremos pagar salários de servidores, estaremos em poucos anos na mesma situação dos estados do Rio de Janeiro e Rio de Grande do Sul”, ponderou. “Mas nós ainda temos a capacidade de agir para não chegar à situação destes estados”, destacou Mourão.

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